Título: OceanAir diz que pode quebrar com proibição em Congonhas
Autor: Batista, Henrique Batista e Novo, Aguinaldo
Fonte: O Globo, 07/02/2007, Economia, p. 25

TAM e Gol também sofrem efeitos da decisão. Varig não é prejudicada

Lino Rodrigues e Erica Ribeiro

SÃO PAULO e RIO. A OceanAir ameaça parar e até encerrar suas atividades, afirmando que corre perigo de falir, caso a sentença do juiz federal substituto da 22ª Vara Cível, Ronald de Carvalho Filho, não seja cassada em instância superior.

¿ Sem Congonhas, não fazem sentido nossas operações. Essa decisão pode quebrar a empresa ¿ afirmou o presidente do grupo Sinergy (que controla a companhia aérea no Brasil), German Efromovich, acrescentando que a proibição pode causar a demissão de dois mil funcionários da companhia.

A TAM também foi afetada pela decisão, já que tem 21 aeronaves Fokker 100 na frota e parte delas (o número não foi informado) voa a partir de Congonhas. Os outros aviões são modelos Airbus A-310 e A-320. A empresa estuda alternativas para não deixar os passageiros que voam nas rotas operadas pelos Fokkers sem atendimento, caso a decisão judicial persista. A Varig informou que não será prejudicada, por operar com aviões Boeing 737-300 em Congonhas. Já a Gol tem 51 aviões 737-700 e 800 na frota e também terá prejuízos. A empresa não se manifestou.

Apesar da ameaça, Efromovich garantiu que vai honrar as passagens já compradas para o período do carnaval e que manterá a venda de bilhetes da OceanAir com saídas de Congonhas. Segundo ele, o juiz ¿se equivocou¿, porque não teria respaldo técnico para impedir o pouso:

¿ Não existe um laudo técnico, mas conclusões baseadas em informações de vários órgãos.

Efromovich considera a operação de Congonhas segura e diz que, mesmo em dias de chuvas, existe margem de segurança suficiente. A OceanAir opera em média 28 pousos e decolagens por dia, com 2.800 passageiros, a partir de Congonhas. Em 90% dessas operações, são usados Fokker 100. O empresário afirmou que apenas a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e a Infraero podem recorrer da decisão, mas ainda assim o Departamento Jurídico da empresa estuda ¿uma saída jurídica¿ ¿ os advogados já apresentaram petição para serem recebidos pelo juiz. Efromovich chegou a sugerir que a decisão foi política e teria beneficiado duas concorrentes (TAM e Varig), e ameaça processar os responsáveis por perdas e danos.

Para um analista, os Boeing 737-700 e 800 oferecem a mesma segurança dos Airbus. Além disso, diz ele, causou estranheza o fato de os Boeing 737-300, usados por Varig e BRA e que tiveram episódios de derrapagem em Congonhas, não estarem na lista.

Segundo o superintendente regional da Infraero no Rio, Pedro Azambuja, as restrições em Congonhas não deverão ter reflexos graves nos aeroportos do Rio. Na avaliação dele, a redistribuição da malha para outros aeroportos é necessária, mas não pode acontecer de forma abrupta, por decisão judicial.

Azambuja acredita que o país pode ter dois hubs (centro de distribuição de vôos) internacionais: um em São Paulo (Guarulhos) e outro no Tom Jobim. As operações domésticas também poderiam ser distribuídas para o Rio, já que, segundo ele, o Tom Jobim teve fluxo de nove milhões de passageiros em 2006, mas tem capacidade instalada de 15 milhões.

PARA JUIZ, MEDIDA NÃO CAUSARÁ TRANSTORNOS, na página 26