Título: Lula quer campanha contra aquecimento global
Autor: Scofield Jr., Gilberto
Fonte: O Globo, 07/02/2007, O Mundo, p. 34
Presidente defende `grande movimento¿ para exigir atitude dos países desenvolvidos
Maiá Menezes
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva quer ser o artífice do que chamou de ¿grande movimento¿ para exigir dos países desenvolvidos a diminuição da emissão de gases do efeito estufa na atmosfera. O tema apareceu ao fim do discurso de Lula no Palácio Laranjeiras, no Rio, cujo tema era a assinatura de convênio para a construção do Arco Rodoviário no estado.
¿ Eu decidi falar sobre essa história do planeta depois de ver o (o secretário estadual de Meio Ambiente) Carlos Minc ¿ disse Lula, acrescentando que poucos países no mundo têm a ¿autoridade moral¿ para falar em desmatamento como o Brasil: ¿ Em três anos o país diminuiu o desmatamento em 52% ¿ afirmou.
Para o presidente, os países desenvolvidos não estão fazendo ¿absolutamente nada¿ para diminuir a emissão de gases na atmosfera:
¿ Precisamos começar uma campanha diferente. Não é só preservar a nossa fauna, as nossas águas, não. É fazer os países ricos diminuírem a emissão de gases. Eles podem utilizar outro combustível. Por que não utilizam álcool, por que não utilizam biodiesel? ¿ afirmou o presidente, que no Fórum Econômico Internacional de Davos, há duas semanas, já havia lançado proposta semelhante muito embora, em contexto mais amplo, tenha afirmado que os países em desenvolvimento devem parar de ¿chorar miséria¿.
Lula: países não respeitam protocolo de Kioto
O presidente afirmou que a hora é de continuar a cuidar das florestas, mas que considera um erro dos países desenvolvidos cobrar ações ¿que deveriam ter sido adotadas há cem anos por eles¿.
¿ Eles são muito bons para julgar os países pobres e muito ruins para fazer a política correta, para fazer a contenção do mal que acontece no mundo ¿ afirmou Lula.
Ele criticou a implementação dos programas de mudança da matriz dos combustíveis. Segundo ele, os países desenvolvidos estão ainda distantes de aplicar o programa de crédito de carbonos, previsto no Acordo de Kioto.
¿ Nenhum país está fazendo a revolução na matriz de combustível e, até agora, dos créditos de carbono que aprovaram não se viu nenhum centavo. Os países desenvolvidos são muito espertos. Eles aprovam os protocolos, dizem a um país que precisa evitar o desmatamento mas eles mesmos já desmataram ¿ afirmou.
Inspirador do discurso de Lula, o secretário estadual de Meio Ambiente, Carlos Minc, afirmou que o céu no Brasil não é tão de brigadeiro quanto pinta o presidente:
¿ Na verdade, há muito o que fazer, sim. Aqui no Rio já estamos estudando uma maneira de reduzir a emissão de gases para a atmosfera ¿ afirmou o secretário.
O presidente, que inaugura uma usina de biodiesel no próximo sábado, em Iraquara (BA), na Chapada Diamantina, afirmou que é hora de o estado do Rio ter uma usina semelhante.