Título: Pane às vésperas do carnaval
Autor: Batista, Henrique Gomes e Ribeiro, Erica
Fonte: O Globo, 08/02/2007, Economia, p. 21

Chuvas fecham Congonhas e Guarulhos, afetando aeroportos de Sudeste e Brasília

Henrique Gomes Batista, Erica Ribeiro e Aguinaldo Novo

Omau tempo no início da noite de ontem provocou o fechamento dos aeroportos de Congonhas e Guarulhos, em São Paulo, causando, por tabela, transtornos nos demais terminais aeroportuários do Sudeste e em Brasília. Cidades como Belo Horizonte e Rio tiveram decolagens e pousos suspensos para evitar o acúmulo de aviões sobrevoando a região, já que a tempestade atingiu São Paulo em um dos horários de pico do tráfego aéreo. Muitos passageiros esperaram até uma hora dentro das aeronaves até que os pilotos obtivessem autorização para retomar os planos de vôo.

A notícia dos novos transtornos veio no fim do dia em que o Tribunal Regional Federal (TRF) de São Paulo derrubou a liminar que pretendia suspender, a partir de hoje, pousos de decolagens de aeronaves Boeing 737-700 e 737-800 e Fokker-100 em Congonhas.

Chuvas que causem o fechamento dos dois aeroportos paulistas ao mesmo tempo são relativamente raras de ocorrer. Normalmente, apenas Congonhas -¿ mais antigo, com pista menor e localizado em uma área urbana com muitos prédios e casas ¿ costuma encerrar suas atividades devido a fortes tempestades. Como os dois estão entre os três aeroportos mais movimentados do país, o impacto recai sobre toda a malha aeronáutica brasileira.

Todos os vôos internacionais destinados à capital paulista, durante a ausência de teto em São Paulo, foram redirecionados para o Aeroporto Internacional Antonio Carlos Jobim, no Rio. Além disso, para evitar que aviões ficassem sem lugar para pousar ¿ caso o clima continuasse ruim em São Paulo e piorasse na Região Sudeste ¿, muitas aeronaves ficaram no solo.

O presidente da Infraero, brigadeiro José Carlos Pereira, afirmou que, por volta das 21h20m, a situação começou a melhorar. Os primeiros vôos de Brasília diretamente para a Região Sul e os vôos do Rio e de Belo Horizonte para outros destinos foram, então, começando a ser liberados. Vôos de Brasília para o Norte ou Nordeste estavam liberados. A previsão da Infraero é que os transtornos continuassem até, no mínimo, 23h. Os terminais de São Paulo permaneciam fechados às 21h30m.

O Aeroporto Internacional de Cumbica, em Guarulhos, ficou fechado das 19h às 20h, segundo informações da Infraero. Em Congonhas, as operações também tiveram de ser suspensas a partir das 20h. E, ate as 22h, a situação ainda era confusa no aeroporto. Atendentes de companhias aéreas informavam que o serviço já havia sido restabelecido, mas não havia confirmação da Infraero.

¿ Temos que pensar sempre na segurança. Como São Paulo ficou fechado, todos os aviões que voavam para lá, e não eram poucos nesta hora da chuva, tiveram que pousar em outros aeroportos, sobrecarregando-os ¿ explicou o presidente da Infraero.

Aeronáutica diz que não houve falha de sistema

Esta orientação é especialmente verdade na atual conjuntura, em que os controladores de tráfego aéreo estão com o trabalho restrito ao monitoramento de, no máximo, 14 aeronaves ao mesmo tempo, para não sobrecarregá-los.

O Comando da Aeronáutica confirmou que o problema foi meteorológico e negou qualquer ação dos controladores de tráfego aéreo ou falhas de sistema. Segundo a secretaria de Comunicação dos militares, essas restrições são normais quando se fecham, por mau tempo, aeroportos tão sobrecarregados como os dois da Região Metropolitana paulista.

No Aeroporto de Confins, em Belo Horizonte, à noite, oito aeronaves ficaram no solo aguardando autorização para decolagem por causa do mau tempo em São Paulo. O aeroporto Tom Jobim ficou parado ontem das 20h às 20h34m, por excesso de tráfego no espaço aéreo e para readequar o tráfego em função da forte chuva em São Paulo. Os aviões ficaram parados no pátio para adequar a aerovia da região e o Tom Jobim passou a receber, a princípio, quatro vôos que sairiam de São Paulo para outros destinos do país, mas que foram alternados para o Rio.

Por volta de 21h40m, a operação no Galeão voltou à normalidade. Vôos regionais que desceriam no Santos Dumont, como os vindos de Macaé, foram deslocados para o Tom Jobim. A decolagem no Tom Jobim só foi suspensa para receber os aviões que vinham de São Paulo e tinham prioridade.

Já no Santos Dumont, o pátio ficou cheio de aviões, impedidos de realizar vôos da ponte aérea Rio-São Paulo em função do fechamento de Congonhas. O pátio não comportava mais aviões no começo da noite de ontem.

Em Cumbica, aeronaves que estavam em trânsito, em pleno ar, tiveram que ser desviadas para Viracopos e Rio. Guarulhos também voltou a operar sem problemas por volta de 21h, segundo informações da Infraero.

De acordo com o site da Infraero, na noite de ontem, vôos da Gol, vindos de Belo Horizonte, Brasília, São Paulo, Porto Alegre e Recife, que estavam previstos para chegar ao Tom Jobim entre 21h e 22h foram confirmados para pousar inicialmente à meia-noite. Foram sete vôos com atrasos de até três horas. No caso da TAM, quatro vôos estavam com demoras semelhantes. Em Congonhas, todos os vôos apresentavam atrasos desde as 17h de ontem.

COLABOROU Bruno Rosa