Título: Vagas formais atingem 4,6 milhões desde 2003
Autor: Doca, Geralda e Novo, Aguinaldo
Fonte: O Globo, 08/02/2007, Economia, p. 25

No ano passado, porém, criação de empregos ficou 2% abaixo da registrada em 2005. Marinho culpa BC

Geralda Doca e Aguinaldo Novo

BRASÍLIA e SÃO PAULO. Em 2006, foi criado 1,2 milhão de empregos com carteira assinada, fazendo com que o primeiro mandato do presidente Lula tenha registrado 4,6 milhões de novas contratações formais, revelou ontem o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Apesar do desempenho, houve redução de 2% (25.295 empregos) no número de vagas geradas na comparação com 2005. O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, responsabilizou o Banco Central (BC) pela queda na abertura de novos postos:

¿ Os empregos em 2006 poderiam ter sido melhores se os juros tivessem caído mais e se o câmbio tivesse conseguido se ajustar a um patamar favorável à exportação. Isso é um alerta muito importante para a equipe econômica e particularmente para o BC.

O balanço de dezembro, com saldo negativo de 317.493 postos, também superou o do ano anterior, quando foram fechados 286.719 postos. A expectativa é que o saldo do primeiro mandato atinja 8,5 milhões de ocupações, incluindo as informais e o serviço público. Esses números só serão confirmados no fim do ano pelo IBGE, quando sair a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad).

Marinho também voltou a reclamar do câmbio e disse que não se sente uma voz destoante no governo. Ele alegou que tem a obrigação de alertar sobre os impactos dos juros e da política de câmbio no mercado de trabalho e na decisão de investir dos empresários.

Serviços e comércio abriram mais vagas no ano passado

Segundo o ministro, muitas empresas estão optando em expandir os negócios lá fora.

¿ O remédio foi muito amargo no ano passado ¿ disse o ministro, ao citar que a inflação fechou 2006 em 3,14%, abaixo da meta de 4,5%, portanto indicando que o BC teria exagerado na dose dos juros.

O setor de calçados foi o único que apresentou saldo negativo em 2006, com a eliminação de 401 postos. Mesmo assim, o resultado foi melhor do que o registrado no ano anterior, quando o saldo havia ficado negativo em 15.720 vagas. Nos segmentos têxtil, de vestuário e móveis, também sensíveis ao câmbio, a diferença entre admitidos e demitidos foi positiva em 30 mil contratações.

O Caged mostrou que o setor de serviços, com a abertura de 521.609 postos, e o comércio, com 336.794, continuaram impulsionando o emprego em 2006. Houve também melhora na indústria, que contratou 250.239 trabalhadores com carteira assinada, contra 177.548 no ano anterior. E a construção civil abriu 85.796 vagas no ano passado, mantendo praticamente o mesmo desempenho de 2005.

Na indústria paulista, recuperação em janeiro

Depois de dois meses consecutivos de queda, o nível de emprego voltou a registrar alta na indústria paulista em janeiro. De acordo com dados divulgados ontem pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), foram abertas 18 mil novas vagas, uma alta de 0,86% na comparação com dezembro. Foi o melhor resultado desde abril de 2006 (quando o emprego subiu 1,93%).

Dos 21 setores pesquisados, 15 aceleraram as contratações e seis demitiram mais do que empregaram novos funcionários. Fabricação de produtos alimentícios e bebidas (3,75%) e de equipamentos de transporte (2,28%) apresentaram os melhores resultados. Entre os que mais demitiram estão fabricação de máquinas para escritório e de informática (-4,17%) e vestuário e acessórios (-1,42%).

Apesar do resultado, a Fiesp espera baixo crescimento para o emprego ao longo do ano. A previsão é fechar 2007 com uma variação entre 0,5% e 1%.