Título: Após desempenho fraco na eleição, PFL muda nome para Partido Democrata
Autor: Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 09/02/2007, O País, p. 4

Partido, que elegeu só um governador, quer também renovar seus quadros

Adriana Vasconcelos

BRASÍLIA. Depois de experimentar seus primeiros quatro anos na oposição, de sofrer uma lipoaspiração - como definiu o presidente da legenda, o ex-senador Jorge Bornhausen - por causa do mensalão e de só conseguir eleger um único governador na última eleição, o PFL decidiu promover sua refundação. Com base numa pesquisa encomendada ao cientista político Antonio Lavareda, os pefelistas chegaram à conclusão que precisam não só renovar seus quadros, para tentar mudar a imagem da legenda, como também trocar o nome do partido, que será rebatizado como Partido Democrata (PD).

A executiva nacional do PFL aprovou ontem, por unanimidade, o novo nome da legenda, que agora será submetido à aprovação na convenção nacional, em 28 de março. Até lá, Bornhausen tentará nomear uma comissão provisória para dirigir o partido até a realização das eleições para os diretórios nacional e estaduais, previstas para acontecer no fim do ano.

O nome mais cotado para assumir a direção do novo PD é o deputado Rodrigo Maia (RJ). Em jantar na quarta-feira com a cúpula do PFL, Bornhausen anunciou que não pretende atender ao apelo da maior parte dos pefelistas para continuar à frente da legenda.

- Cabe à nova geração do partido buscar as alternativas para que cheguemos novamente ao poder - justificou Bornhausen.

Não estão descartadas possíveis fusões com outras legendas. Mas essa é uma questão que dificilmente será decidida antes que se encontre uma solução definitiva para a distribuição dos recursos do Fundo Partidário, que foi alterada esta semana por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A prioridade do futuro PD, entretanto, será a de buscar novos quadros especialmente nas suas bases, ou seja, nos municípios.

- Ninguém chegará a 2010 sem passar antes por 2008. E para reoxigenar o partido teremos de lançar candidatos a prefeitos pelo menos nos cem maiores municípios do país - defendeu Bornhausen.

A refundação do PFL não implicará, segundo Bornhausen, o rompimento automático da aliança tática, de oposição, que o partido mantém com o PSDB desde o primeiro mandato do presidente Lula.

- Continuaremos sendo um partido de oposição e nos relacionando com os demais representantes dessa oposição. Mas é bom que fiquem claras nossas diferenças.

De olho nos insatisfeitos com "política populista" de Lula

Para os pefelistas, há espaço para que uma nova legenda de centro capitalize parte dos insatisfeitos com a "política populista" do governo Lula.

- A injustiça social deve ser enfrentada sobretudo com emprego ou então estaremos favorecendo a vocação para o ócio e estabelecendo uma falta de compromisso com as metas de crescimento do país - argumentou Bornhausen.

A Frente Liberal nasceu há 22 anos como dissidência do PDS, que, por sua vez, tivera origem na Arena, e ajudou a eleger Tancredo Neves presidente da República contra Paulo Maluf.