Título: Governadores e prefeitos da oposição estão na mira de Chávez
Autor: Figueiredo, Janaína
Fonte: O Globo, 09/02/2007, O Mundo, p. 34

Objetivo de presidente é reforçar os chamados Conselhos Comunais

Janaína Figueiredo

BUENOS AIRES. O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, afirmou recentemente que os eixos da nova fase revolucionária iniciada a partir de seu novo mandato são: a polêmica Lei Habilitante aprovada pela Assembléia Nacional, a reforma constitucional, a educação popular, a nova geometria do poder e o poder comunitário. Os anúncios do presidente criaram um clima de preocupação entre líderes opositores, sobretudo entre governadores e prefeitos que temem ser prejudicados pela nova estratégia territorial do governo chavista. Não ficou claro, para ninguém, o que significa "nova geometria do poder".

Para aumentar ainda mais a confusão que predomina entre representantes da oposição, há cerca de duas semanas Chávez disse, em seu programa de TV "Alô, Presidente": "Se tivermos de começar a destituir prefeitos, começaremos a destituir prefeitos e se tivermos de destituir governadores, começaremos a destituir governadores." Irritado pela demora de alguns governos estaduais e municipais em concluir obras de infra-estrutura, o presidente pediu ao promotor-geral da República que iniciasse processos penais contra os responsáveis pelos atrasos. Paralelamente, Chávez solicitou à presidente da Assembléia Nacional, Cilia Flores, informações sobre que tipo de medidas constitucionais poderiam ser adotadas contra prefeitos e governadores que não estejam cumprindo suas funções.

- Não fiquem incomodados, meu pai (Hugo de los Reyes Chávez, governador do estado de Barinas, terra natal do presidente) ou qualquer outro governador, se chegarem funcionários buscando informações sobre irregularidades - afirmou.

Segundo Chávez, seu governo vai iniciar "uma revolução dentro da revolução". Até mesmo o prefeito de Caracas, o chavista Juan Barreto, foi ameaçado pelo presidente, de acordo com informações divulgadas pela imprensa local. O objetivo de Chávez seria diminuir o poder dos governos estaduais e municipais e reforçar os chamados Conselhos Comunais, organizações integradas por até 300 pessoas, que dependem diretamente da Presidência.

- Se os conselhos estivessem à frente dos projetos nada disso estaria acontecendo.

Os chavistas afirmam que a única meta é tornar mais eficientes os governos regionais (21 dos 23 estados e mais da metade das prefeituras estão em mãos de aliados do presidente). No entanto, a oposição acusa o presidente de querer centralizar ainda mais o poder.

- Não ganhamos nosso cargo num concurso de sabonetes. Temos um mandato popular, assim como o tem o presidente. Existem mecanismos de controle e, se for necessário, pode ser realizado um referendo popular - declarou o governador do estado de Zulia, o ex-candidato à Presidência e líder opositor Manuel Rosales.