Título: Lula diz que não será fiel da balança no PT
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Fonte: O Globo, 10/02/2007, O País, p. 8

Essas brigas acontecem em todo encontro. No final, vai ter um documento, que será o documento do bom senso¿

SÃO FRANCISCO DO CONDE (BA). O presidente Luiz Inácio Lula a Silva afirmou ontem na Bahia que não será o fiel da balança nas disputas internas do PT e disse esperar maturidade do partido, no encontro do diretório nacional, hoje em Salvador. Durante a semana, o partido viveu um acirramento da relação conflituosa entre o Campo Majoritário ¿ que controla o partido há 12 anos ¿ e líderes de outras tendências, como o ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, que defendem a chamada ¿refundação¿ do PT e uma redistribuição interna de poder.

Ao participar ontem da cerimônia do início de produção de um campo de gás, em São Francisco do Conde, Lula negou que pretenda ter o papel de árbitro nessa disputa:

¿ Não, porque não precisa de fiel da balança. O Brasil, o PT tem maturidade suficiente. Afinal de contas, o PT completa 27 anos de idade. Essas brigas acontecem todo ano, em todo encontro, em toda convenção. É um partido democrático, que tem grupos que apresentam suas teses. Essas teses são debatidas. No final, vai ter um documento, e o documento será o documento do bom senso, o documento do possível, o documento da maturidade ¿ afirmou. ¿ Acho que as pessoas estão maduras para entender que essa disputa interna não tem reflexo na política de governo, nem da Bahia, nem tampouco da Presidência da República

Lula afirmou que o PT conseguiu superar a crise provocada pelo mensalão.

¿ Acho que é um bom momento para o PT. Veja, o PT saiu de uma crise profunda, o PT sai fortalecido do processo eleitoral. Elegeu cinco governadores, 83 deputados, portanto, o povo deu uma chance enorme ao PT de dizer: ¿Olha, tome juízo e seja o partido grande que nós queremos que você seja¿. Acho que o PT está maduro para isso.

Lula diz aceitar críticas, mas diz que governo tem limites

O presidente também minimizou as críticas de petistas à política econômica. Em meio à luta interna, um ponto uniu as diversas tendências: a oposição à atuação do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e a defesa de medidas, como a queda de juros, que acelerem o crescimento. Essas propostas deverão fazer parte do documento que será divulgado ao final da reunião de hoje do diretório nacional.

¿ Acho que as críticas ajudam. Pobre do governo que acha que é melhor um elogio mentiroso do que uma crítica sincera. A crítica sincera contribui, se você levar a sério, se você fizer reflexão sobre essas críticas e, se você estiver errado, você começa a mudar ¿ disse Lula.

O presidente frisou, porém, que os críticos precisam entender que o governo tem limites:

¿ O que eu estou dizendo é que você não discute política econômica no país na base da teoria. Quando você governa, faz aquilo que é possível fazer, na hora que pode fazer, como pode fazer. E, graças a Deus, tem dado certo. Pode melhorar? Pode. E, para isso, o povo nos elegeu por mais quatro anos ¿ afirmou.