Título: Sanguessugas: PF indicia mais sete ex-deputados
Autor: Carvalho, Jaílton de
Fonte: O Globo, 10/02/2007, O País, p. 11

Com a lista, somam 31 os parlamentares e ex-parlamentares acusados formalmente de envolvimento com a máfia.

Jailton de Carvalho

BRASÍLIA. A Polícia Federal indiciou ontem mais ex-sete deputados por envolvimento com a máfia dos sanguessugas, organização acusada de desviar dinheiro da compra de ambulâncias. Com isso, sobe para 31 o número de parlamentares e ex-parlamentares acusados formalmente de ligação com o grupo chefiado pelo empresário Luiz Antônio Trevisan Vedoin.

Eles são acusados de lavagem de dinheiro, corrupção passiva e formação de quadrilha, entre outros crimes. Na nova lista de indiciados figuram os ex-deputados José Divino (sem partido-RJ), João Mendes (sem partido-RJ), Agnaldo Muniz (PP-RO), Dr. Heleno (PSC-RJ), Almerinda de Carvalho (PMDB-RJ), Almir Moura (PFL-RJ) e Jeferson Alves de Campos (PTB-SP). Todos exerciam mandato de deputado na legislatura passada, mas não foram reeleitos ou não disputaram a eleição.

STF tem 84 inquéritos abertos a pedido do MP

A PF está à frente de 84 inquéritos contra parlamentares e ex-parlamentares, abertos pelo Supremo Tribunal Federal a pedido do procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza. Também foram abertos 31 inquéritos contra prefeitos acusados de envolvimento com a quadrilha, acusada de direcionar emendas do Orçamento da União para financiar a compra superfaturada de ambulâncias.

No final de janeiro, a PF fez a primeira leva de indiciamentos. Foram enquadrados nos mais variados crimes 16 parlamentares envolvidos no escândalo dos sanguessugas. Entre eles, o senador Ney Suassuna (PMDB-PB) e a deputada Celcita Pinheiro (PFL-MT), indiciados por formação de quadrilha, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Todos os 16 foram acusados de terem favorecido o esquema de venda de ambulâncias coordenado pela família Vedoin, dona da Planam, empresa do Mato Grosso que coordenava a fraude. Os recursos teriam sido desviados a partir de emendas de deputados ao Orçamento.

Casos foram arquivados pelo Conselho de Ética

O inquérito do STF pode ser a única oportunidade para que o envolvimento desses parlamentares seja devidamente esclarecido já que, como a maioria não foi reeleita, seus processos no Conselho de Ética da Câmara foram arquivados no final da legislatura. Portanto, deixaram de ser julgados pelo plenário da Câmara. A exceção foi o caso de Suassuna, que foi absolvido pelo Conselho de Ética do Senado, num julgamento político. Agora ele pode ser condenado pela Justiça Federal, já que foi indiciado pela PF. Em seu relatório parcial, a CPI dos Sanguessugas pediu abertura de processo de cassação contra 72 parlamentares.

A apuração das denúncias contra parlamentares acusados de cobrar propina para apresentar emendas ao Orçamento de interesse de empresários que vendiam ambulâncias e equipamentos hospitalares superfaturados começou em maio do ano passado. A Operação Sanguessuga, da PF, desvendou o esquema. A ex-assessora do Ministério da Saúde Maria da Penha, integrante da quadrilha, acusou o envolvimento de 171 parlamentares com as fraudes.

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