Título: Sem problema para achar testemunhas
Autor: Pontes, Fernanda e Magalhães, Luiz Ernesto
Fonte: O Globo, 10/02/2007, Rio, p. 16
Ao contrário do habitual, muita gente se oferece para depor contra bandidos
Cristiane de Cássia
Diferentemente do que costuma acontecer em muitos crimes, principalmente homicídios, a polícia não teve dificuldades de encontrar testemunhas dispostas a falar sobre a morte de João Hélio Fernandes, de 6 anos. Além das denúncias feitas anonimamente, a 30ª DP (Marechal Hermes) recebeu várias ligações de pessoas querendo depor e reconhecer os criminosos.
¿ Esse crime mexeu com a sociedade. As pessoas estão mobilizadas para ajudar a pôr os criminosos na cadeia ¿ constatou o delegado Hércules Nascimento.
Vítima de um roubo praticado pelos criminosos, o florista Paulo Freitas fez questão de ir ontem à delegacia. Pelas fotos dos jornais, ele reconheceu Diego Nascimento da Silva como sendo um dos ladrões que roubaram seu carro em janeiro. O crime aconteceu em Magalhães Bastos, também no subúrbio, e o veículo foi deixado em Magé, depois de alguns dias circulando por Madureira.
¿ Diego me rendeu com uma pistola e entrou com outros dois rapazes no meu EcoSport. Ele não estava nervoso, me pareceu frio. Uma quarta pessoa ficou num outro carro. Quando vi a foto, reconheci logo o bandido e fiz questão de vir à delegacia vê-lo de perto. Tenho uma filha da mesma idade e considero isso um absurdo ¿ lamentou o florista.
Cerca de 150 ligações sobre o caso foram recebidas anteontem pelo Disque-Denúncia (2253-1177). Até moradores de outros estados e brasileiros que vivem nos Estados Unidos ligaram, indignados. Reação semelhante à ocorrida em outros crimes, como chacinas e ataques a ônibus. Com as ligações do dia do crime e de ontem, o volume de telefonemas chegou a 200.
Moradores de Marechal Hermes mostraram sua indignação indo para a porta da delegacia, onde perguntavam a toda hora se ¿o monstro¿ ainda estava ali. Quando Diego seguiu para a carceragem da Polinter, pessoas gritaram:
¿ Arrasta ele também!