Título: Solae cria proteína de soja para pratos mais saudáveis
Autor: D'Ambrosio, Daniela
Fonte: O Globo, 11/09/2006, Empresas, p. B6

Foram quatro anos de desenvolvimento e pesquisa para desenvolver uma proteína de soja mais saborosa e com textura próxima à da carne animal. Afinal, embora os benefícios da soja sejam amplamente conhecidos, o insosso sabor do grão ainda é problema. Menos na bebida e mais nos alimentos.

A nova geração da proteína foi desenvolvida pela Solae Company, joint venture entre a Du Pont, que tem 72% do capital, e a Bunge, dona dos outros 28% da empresa. E a fábrica brasileira da Solae em Esteio (RS) - uma das 13 plantas industriais da multinacional - irá fabricar o ingrediente, que será exportado para o resto do mundo. "Além de termos uma das fábricas mais modernas e equipadas, a logística aqui é ideal", afirma Jordan Rizetto, diretor de marketing para América Latina e África do Sul.

A expectativa da empresa é que a América Latina seja um dos principais mercados consumidores do novo produto. Sem falar que boa parte da indústria frigorífica brasileira e dos países vizinhos está próxima à planta de Esteio.

Batizado de SoleCina, o ingrediente será utilizado pela indústria alimentícia na fabricação de pratos semi-industrializados e prontos . "A SoleCina permite a fabricação de hambúrguer, nuggets, salsicha, bife, carne em cubos, desfiada ou moída", diz. A Solae não informa o valor investido no desenvolvimento do produto - que aconteceu nos seis centros de pesquisa que a companhia mantém, entre eles o Rio Grande do Sul.

O executivo explica que a indústria terá a opção de misturar o produto com carne bovina, suína ou de frango ou usá-lo puro - para os vegetarianos. O novo ingrediente contém metade da gordura e 40% menos de colesterol e 40% de redução de calorias.

A idéia é que cada indústria adicione a carne e os temperos que queira para desenvolver o produto que chegará às gôndolas. "Considerando-se que o consumo de carnes processadas seja de 830 mil toneladas por ano e a penetração dos produtos à base de soja esteja na casa de 10% no Brasil, acreditamos que se criará um mercado de cerca de 80 mil toneladas ao ano de produto já acabado", diz.

Criada em 2003, a Solae já vende proteína de soja isolada (em pó) e texturizada (fibras). Seus clientes são indústrias frigoríficas e de alimentos que fazem produtos à base de soja.

Para as indústrias brasileiras, o ingrediente será feito à base de soja não transgênica. Mas como será exportado e em determinados mercados, como os Estados Unidos, a soja modificada está totalmente disseminada, é possível que a empresa use também essa modalidade de grão. "Vamos dar ao cliente o que ele busca", diz ele.

Pesquisa realizada pela Solae com cerca de 20 mil consumidores em 30 países e, sendo 500 no Brasil, mostra a preocupação com a saúde e alimentos saudáveis. "As pessoas estão preocupadas com a saúde, sim, mas a transição para alimentos saudáveis é gradual e depende do sabor", diz o executivo. O levantamento também mostra que o nível de conhecimento do brasileiro sobre a soja é alto: 48% sabe da relação com a saúde dos ossos, 43% sobre a menopausa e 47% está informado sobre a soja e redução do colesterol.