Título: Deputado atribui eleição a atuação como secretário
Autor: Schmidt, Selma
Fonte: O Globo, 11/02/2007, Rio, p. 19

Ex-chefe de Polícia Civil nega que exista vínculo entre votos recebidos e milícias

O ex-secretário de Segurança e deputado federal Marcelo Itagiba, por meio de sua assessoria de imprensa, afirmou que sua campanha seguiu a mesma linha da política de segurança pública implantada durante sua gestão, que consistiu no enfrentamento do tráfico de drogas e dos policiais envolvidos em casos de desvio de conduta. Em relação aos 4.085 votos obtidos na zona eleitoral onde votam os moradores da comunidade de Rio das Pedras, Marcelo Itagiba afirmou:

¿ Obtive, somente na capital, 49.500 dos 70.057 votos que me elegeram. E vejo com naturalidade o fato de que moradores de comunidades que repudiam o tráfico de drogas tenham optado por votar no ex-secretário que combateu, duramente, os traficantes e os policiais envolvidos em crimes.

Itagiba afirmou que, em fevereiro de 2005, desencadeou a Operação Navalha na Carne, com o objetivo de investigar e prender policiais envolvidos com o crime. Por sua determinação, a Subsecretaria de Inteligência passou a analisar informações obtidas pelas corregedorias das polícias Civil e Militar, para identificar policiais que cometiam desvio de conduta.

As primeiras prisões ocorreram no dia 18 de fevereiro daquele ano. Por envolvimento com o tráfico de drogas na Rocinha, foram presos quatro policiais do 23º BPM (Leblon), entre os quais um oficial. Em 31 janeiro de 2006, quase um ano após o desencadeamento da operação, já tinham sido presos 888 policiais. Além disso, foram expulsos 201, sendo 184 policiais militares e 17 civis.

Para intensificar as ações de combate aos maus policiais, Itagiba anunciou a criação da 4ª Delegacia de Polícia Judiciária, um braço operacional da Corregedoria da PM na Zona Oeste, área de grande incidência de casos de desvios de conduta.

Já o ex-chefe de Polícia Civil Álvaro Lins disse que sua votação em Jacarepaguá seguiu a média obtida em todo o estado. Como exemplo, o deputado citou os dez mil votos recebidos em Copacabana, onde, segundo ressaltou, não há notícias da atuação de milícias. O deputado argumenta ter feito campanha em todo o estado. Em sua opinião, não há vinculação dos votos conquistados em Jacarepaguá com as milícias.

Procurado pelo GLOBO, o deputado Coronel Jairo informou, por sua assessoria, que não falaria sobre o assunto. A assessoria de Jorge Babu atribuiu a votação ao trabalho social desenvolvido pelo político nas comunidades. O deputado Natalino não retornou a ligação.