Título: Ministros pedem apoio ao plano na Câmara
Autor: Jungblut, Cristiane e Beck, Martha
Fonte: O Globo, 14/02/2007, O País, p. 9

Mantega, Dilma e Paulo Bernardo admitem mudanças

BRASÍLIA. Numa sessão com muitos discursos e nenhum debate, ontem no plenário da Câmara, os ministros da Fazenda, Guido Mantega, da Casa Civil, Dilma Rousseff, e do Planejamento, Paulo Bernardo, passaram cerca de cinco horas ouvindo críticas ao conjunto de ações do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Da oposição, os discursos eram mais contundentes. Dos governistas, elogios mesclados a críticas. Ao final, Mantega, reconheceu:

- O programa não é perfeito. Possui defeitos, lacunas que podem ser preenchidas com a ajuda do Congresso. Não é um plano espetacular, mas não aceito o rótulo de que ele é tímido. Ele tem consistência. Gostaria de fazer uma discussão menos adjetiva e mais substantiva. Fizemos um programa que é ousado, mas não é aventureiro ou exercício de prestigiação.

Paulo Bernardo defendeu o programa:

- Vamos ouvir críticas, mas precisamos de apoio.

- O PAC tampouco é carta de intenções ou factóide - reagiu Dilma.

A oposição fez críticas, mas sinalizou que vai trabalhar pela aprovação das propostas, com modificações. Os comentários mais duros vieram do líder do PFL na Câmara, Onix Lorenzoni (RS), que chamou o PAC de "chavista" e criticou o uso de MPs para implantar as ações, sendo aplaudido.

"O PAC não é o xarope da vovó", diz líder

A MP 349, que cria um Fundo de Investimentos em Infra-Estrutura com recursos do FGTS, teve críticas de todos. Até o líder do governo na Câmara, Beto Albuquerque (RS), cobrou garantias aos recursos dos trabalhadores.

Mantega destacou a importância de haver investimentos públicos e privados no país para que se consiga o crescimento econômico esperado. Para ele, o PAC estimula esses investimentos. Já Dilma destacou as obras no setor de infra-estrutura, sobretudo em energia. O PAC prevê investimentos de R$503,9 bilhões de 2007 a 2010, sendo R$274 bilhões em energia.

Numa resposta aos governadores, Dilma disse que 40% dos recursos beneficiarão o Sudeste; 16% o Norte; 25% o Nordeste; 12% o Sul; e 7% o Centro-Oeste. Paulo Bernardo falou das medidas de gestão, explicando que o governo quer fixar um teto para a expansão dos gastos da folha de pessoal dos três poderes.

O líder da Minoria, Júlio Redecker (PSDB-RS), criticou a falta de ações para o agronegócio:

- Vemos nesse programa uma timidez. Não há uma linha que se refira a 40% do PIB, que é o agronegócio. O Brasil precisa de investimentos de longo prazo e não de tapa-buraco.

- Esse PAC não é o xarope da vovó que vai curar todas as doenças. É um pacote de obras e de investimentos - rebateu Beto Albuquerque. (Martha Beck e Cristiane Jungblut)