Título: O maior lucro da América Latina
Autor: Ordoñez, Ramona e Novo, Aguinaldo
Fonte: O Globo, 14/02/2007, Economia, p. 23

COMBUSTÍVEL NOS NÚMEROS

PetrObras bateu recOrde de R$25,9 bi em 2006, mas nO 4º trimestre ganhOs caíram

RamOna OrdOñez, AguinaldO NOvO e Patricia ElOy

APetrObras bateu mais uma vez seu própriO recOrde aO registrar um lucrO líquidO de R$25,9 bilhões nO anO passadO, 9,2% acima dOs R$23,7 bilhões de 2005 - apesar da queda de 35,8% nOs ganhOs dO quartO trimestre. COm O resultadO dO anO, a PetrObras teve O maiOr lucrO já registradO pOr uma cOmpanhia de capital abertO na América Latina nOs últimOs 20 anOs, segundO a cOnsultOria EcOnOmática. A PetrObras divulgOu ainda que, em dólares, seu ganhO fOi de US$11,9 bilhões, O sextO maiOr entre Os resultadOs já divulgadOs pelas gigantes petrOlíferas mundiais.

O diretOr financeirO da PetrObras, Almir Barbassa, explicOu O resultadO anual cOm O aumentO da prOduçãO interna de petróleO em 5,6% e Os preçOs altOs dO prOdutO aO lOngO dO anO nO mercadO internaciOnal, aliadOs aO aumentO de 3% nO cOnsumO internO de derivadOs:

- EstamOs trabalhandO para aumentar a prOduçãO este anO, e esperO realizarmOs OutrO recOrde nO lucrO.

NO quartO trimestre, O lucrO da PetrObras caiu 35,8% em relaçãO aO mesmO períOdO de 2005, de R$8,1 bilhões para R$5,2 bilhões. SegundO Barbassa, issO se deveu principalmente à reduçãO dOs preçOs internaciOnais dO petróleO e aO fOrte aumentO dOs custOs OperaciOnais cOm materiais, equipamentOs e serviçOs. O diretOr disse que, nO trimestre passadO, a PetrObras tinha um estOque grande de petróleO cOmpradO pOr preçOs elevadOs nOs meses anteriOres. E fOi justamente nO quartO trimestre que as expOrtações bateram recOrde, atingindO 669 mil barris diáriOs, uma alta de 16% sObre O trimestre anteriOr. Os custOs de extraçãO de petróleO subiram 9% e Os de refinO, 8%.

PreçO dO gás natural pOde aumentar

O mercadO financeirO já cOntava cOm um resultadO trimestral um pOucO menOr, devidO à queda das cOtações internaciOnais dO petróleO, pOrém O resultadO fOi piOr dO que O esperadO. SegundO Luiz BrOad, analista da cOrretOra ÁgOra, as prOjeções eram de um lucrO líquidO de mais de R$6 bilhões:

- A cOmpanhia teve um crescimentO de custOs e despesas, sem uma cOntrapartida de um crescimentO das receitas da mesma Ordem. Se, pOr um ladO, O lucrO de 2006 cresceu 9,2%, pOr OutrO, tinha tudO para crescer mais de 20%, devidO às elevadas cOtações dO petróleO. Mas, para 2007, esperamOs que a cOmpanhia encerre O anO cOm nOvO resultadO recOrde.

As ações da PetrObras chegaram a cair mais de 0,2%, na cOntramãO da BOlsa de ValOres de SãO PaulO (BOvespa), que subia mais de 1,5%. Mas, cOm a fOrte alta nas cOtações dO petróleO, Os papéis acabaram fechandO em alta de 1,83%, abaixO da valOrizaçãO de 2,87% da BOlsa. A estatal distribuirá R$7,9 bilhões em dividendOs relativOs a 2006.

O analista Felipe CardOsO Cunha, da Brascan COrretOra, destacOu que hOuve um significativO aumentO nOs custOs de extraçãO de petróleO e de refinO. Para ele, assim cOmO para O analista BernardO LObãO, da ARX Capital, O impOrtante é saber se issO fOi restritO aO trimestre Ou se vai se repetir. LObãO lembrOu ainda que a PetrObras expOrtOu petróleO pesadO, que teve uma queda maiOr nOs preçOs dO que O leve. MarcO PanassOl, da PricewaterhOuseCOOpers, ressaltOu que Os dadOs indicam que a cOmpanhia tem caixa suficiente para Os investimentOs de R$55 bilhões que prevê este anO.

Em 2007, a PetrObras pretende atingir a prOduçãO naciOnal de petróleO de 1,91 milhãO de barris diáriOs, um aumentO de 7,5%. NO anO passadO, segundO O diretOr da PetrObras, Os preçOs médiOs dOs derivadOs ficaram em US$70,92 pOr barril, cOntra US$75,50 nO mercadO americanO. Barbassa deixOu clarO que Os preçOs dO gás natural vendidO pela PetrObras nO mercadO internO pOderãO aumentar pOr estarem muitO defasadOs, mas garantiu que ainda nãO há decisãO tOmada.

SegundO a EcOnOmática, a PetrObras embOlsOu em 2006 O equivalente a US$12,123 bilhões, três vezes mais dO que O lucrO da mexicana America MOvil (US$4,105 bilhões). A PetrObras Ocupa as cincO primeiras cOlOcações na lista dOs 25 melhOres resultadOs de empresas abertas na América Latina nOs últimOs 20 anOs. Em sextO lugar, aparece a Vale dO RiO DOce. Das 25 pOsições, 15 sãO de empresas brasileiras e dez dO MéxicO. O BradescO tem O melhOr desempenhO entre Os bancOs latinO-americanOs, cOm Os lucrOs de US$2,364 bilhões (2006) e US$2,356 bilhões (2005).