Título: PP reage a pedido de Cidades para Marta
Autor: Camarotti, Gerson e Gois, Chico de
Fonte: O Globo, 17/02/2007, O País, p. 4

"Se o PT insistir em querer o nosso ministério, vamos fazer uma lista com ministérios do PT que nos interessam"

Gerson Camarotti e Chico de Gois

BRASÍLIA e RIO. A decisão do PT de mudar de estratégia e voltar a pedir o Ministério das Cidades para a ex-prefeita Marta Suplicy, abandonando a pressão que fazia para ter o Ministério da Educação, provocou reação imediata do PP. Surpresos, os integrantes da bancada do partido na Câmara lembraram ontem que o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva havia confirmado a manutenção do ministro Márcio Fortes, indicado pelo PP, em encontro com líderes do partido, no meio da semana.

O líder do PP, deputado Mário Negromonte (BA), irritado, prometeu o troco:

- O presidente garantiu que o Ministério das Cidades era do PP. Ele é um homem de palavra e por isso o partido acredita nele. Além disso, o ministro Márcio Fortes é da confiança do PP e representa o partido. Se o PT insistir em pedir o nosso ministério para a Marta, também vamos fazer uma lista com ministérios do PT que nos interessam.

PP já ameaçara não votar em Chinaglia para forçar recuo

Após a reunião do deputado Nélio Dias (PP-RN) e do próprio Negromonte com Lula, a bancada fez uma reunião com Márcio Fortes para comunicar-lhe que ele permaneceria como titular das Cidades. O PP, com 42 deputados, está disposto a pressionar o governo.

Esta é a segunda vez que o PP tem que enfrentar o PT para ficar com o cargo. Às vésperas da eleição para a presidência da Câmara, no início do mês, os petistas explicitaram o desejo de indicar Marta para as Cidades. O partido teve que recuar depois que o PP ameaçou não votar em Arlindo Chinaglia (PT-SP).

Com a situação na Câmara resolvida, o PT voltou a insistir no projeto original. Principalmente depois que Lula deu sinais de que não deseja substituir o atual ministro da Educação, Fernando Haddad. O PT vai entregar a Lula uma lista com ministeriáveis após o carnaval.

Lula tem avaliado internamente que o PT tem exagerado na defesa do nome de Marta Suplicy e já está causando constrangimentos. Outros petistas também consideram que a superexposição da ex-prefeita pode prejudicá-la e alertam que ainda não é o momento de articulações políticas no PT para as eleições de 2010.

Disputa na pasta da Saúde também continua

Ao sair de encontro ontem com o presidente Lula, o governador de Sergipe, Marcelo Déda (PT), foi mais um a defender a indicação de Marta para o Ministério das Cidades. Ele alertou, contudo, que o PT não pode fazer exigências e muito menos discutir candidaturas para a sucessão do presidente Lula.

- O partido não pode se furtar de apresentar propostas e nomes. O que não se pode fazer é estabelecer situações em que se diga que o partido exige. Seria uma precipitação e um desserviço ao governo Lula qualquer antecipação de candidatura.

Outra área em disputa é a Saúde. A pasta deve ficar com o PMDB, mas o partido não se entende. Ontem ao ser perguntado se ainda defendia o nome do médico José Gomes Temporão para o cargo, o governador do Rio, Sérgio Cabral, afirmou que este é um pleito também das entidades ligadas à saúde:

- Este é um pleito do Rio e da Saúde. Soube da manifestação de entidades do setor, de grandes médicos, todas defendendo o doutor Temporão. É fundamental não se fazer política na saúde, na educação e na segurança. É o que eu tenho feito aqui e é uma sugestão minha ao presidente Lula: colocar um nome técnico.

Ele deu a entender que a bancada do PMDB do Rio não aceita a indicação, mas as conversas continuam.

COLABORARAM Luiza Damé e Dimmi Amora