Título: Fabricante de conversores ganha sobrevida
Autor: Facchini, Cláudia
Fonte: O Globo, 18/09/2006, Empresas, p. B1

A entrada em vigor da televisão digital no país abre novas perspectivas para a Thomson Multimídia. Os únicos produtos que a multinacional francesa ainda fabrica em sua unidade na Zona Franca de Manaus são os conversores para TV por assinatura. "Os conversores para a TV digital utilizam a mesma tecnologia. E isso, a eletrônica embarcada dentro do produto, nós já temos", afirma Wilson Périco, diretor da industrial da Thomson.

O executivo não nega que a multinacional poderia ter interesse em vender a unidade brasileira mas não revela se há, de fato, negociações nesse sentido. Segundo ele, a TV digital abre um novo mercado para a empresa, que é líder no Brasil na produção de conversores para TV por assinatura. "Já temos mais de 60% do mercado de conversores para TV fechada".

Périco admite ser uma "utopia" pensar que a Thomson poderia ter a mesma participação no mercado de conversores de TV digital. Na TV fechada, a empresa possui acordos globais com algumas operadoras, como a Sky, Direct TV e Net, que possibilitaram à marca conquistar a liderança. Estima-se que a TV digital irá criar uma demanda por cerca de 40 milhões ou 50 milhões de decodificadores, que deverão custar para o consumidor algo em torno de R$ 100 ou R$ 150. O Brasil possui um parque instalado de cerca de 100 milhões de TVs.

A demanda por decodificadores para TV digital, porém, não deve se estender por muito tempo já que, no futuro, os televisores já sairão da fábricas preparados para receber o sinal digital. "Deve haver mercado para os conversores por cerca de cinco anos", calcula Périco. O mercado de decodificadores de TV por assinatura gira em torno de 3 milhões de caixas por ano.

Os conversores para TV digital também só devem começar a ser fabricados em 2007. Apesar de o governo brasileiro já ter escolhido o padrão digital japonês, nem todos os aspectos técnicos foram definidos, como o software. Os conversores só começarão a ser fabricados no Brasil depois de resolvidas todas essas questões.

A Thomson tomou mundialmente a decisão de sair do setor de manufatura. No passado, a empresa já foi dona de marcas de televisores como a RCA. "Em cada mercado, ela atuava com uma marca distinta", explica Périco. No setor de televisores, a multinacional firmou há três anos uma joint venture com a chinesa TCL, que passou a ser uma das maiores fabricantes mundiais de TVs. A única fábrica que a Thomson ainda possui atualmente é a de Manaus.