Título: Tarso e Marta têm seus projetos ameaçados
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Fonte: O Globo, 21/02/2007, O País, p. 4

REFORMA MINISTERIAL: Em comum, caciques petistas traçam estratégias para aumentar seu poder dentro do partido

Os dois pretendem ter os nomes confirmados por Lula, na reforma do Ministério, mas presidente reluta em nomeá-los

BRASÍLIA. O sonho de dois caciques petistas - que agem intensamente nos bastidores para ocupar cargos de destaque no segundo governo Lula - está ameaçado. Tanto o ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, que deseja a pasta da Justiça, quanto a ex-prefeita Marta Suplicy, que pretende comandar o Ministério da Educação ou o das Cidades, podem ver seus projetos políticos frustrados.

No caso de Tarso, o desejo de ganhar espaço no PT e desbancar o Campo Majoritário, que há 12 anos domina o partido, pode ser fatal para suas pretensões. O presidente Lula deseja, para o lugar do ministro Márcio Thomaz Bastos, alguém com perfil discreto. Mas, na sua ânsia por demarcar espaço na luta interna petista, Tarso já decretou o fim da "Era Palocci" e chegou a defender a "refundação" do PT, o que elevou a níveis preocupantes a tensão dentro do partido. Tarso não parece disposto a recuar e já costura com seus aliados o lançamento de um candidato que substitua o deputado Ricardo Berzoini no comando do partido. Tem, a seu favor, a costura política que levou à coalizão de 11 partidos na base, o que agradou ao presidente.

Assim como Tarso, Marta também acumula créditos com Lula. Ano passado, a ex-prefeita assumiu a campanha de Lula em São Paulo, no segundo turno das eleições presidenciais, e realizou um trabalho que se traduziu na boa votação do presidente. Mas, se é grato a Marta por esse serviço prestado, Lula teme que, ao nomeá-la para o Ministério, dê força a um forte movimento no PT com o objetivo de torná-la candidata na sucessão presidencial de 2010. E Lula deseja ter o controle desse processo.

O grupo de Marta também não pretende recuar. Em público, porém, os aliados da ex-prefeita evitam atrelar sua nomeação para o Ministério a uma possível candidatura em 2010, para não melindrar o presidente.