Título: Estados travam disputas locais
Autor: Oliveira, Eliane e Batista, Henrique Gomes
Fonte: O Globo, 21/02/2007, Economia, p. 17

Objetivo é atrair fábricas de chips e telas. Minas já comemora investimentos

BRASÍLIA. Se o Brasil vencer a forte disputa internacional, será a hora de os Estados começarem uma guerra local para tentar atrair a nova fábrica de semicondutores para seus Estados. Hoje, Minas Gerais está na frente nessa corrida. Enquanto isso, São Paulo, Rio, Amazonas, Bahia, Rio Grande do Sul e Distrito Federal correm por fora para obter investimentos.

O secretário de Desenvolvimento de Minas, Wilson Brumer, acredita que os primeiros negócios no estado deverão ser fechados em breve. Além de tentar atrair a Companhia Brasileira de Semicondutores (CBS), o secretário comemora o anúncio de investimentos de R$70 milhões do grupo suíço Csem, que fornece logística e estudos para fabricantes de semicondutores e também atua nos EUA e no Japão.

- Nós temos várias vantagens, porque nos preparamos para isso. Além de pessoal qualificado, temos um aeroporto preparado para o grande volume de comércio exterior, o de Confins, e terrenos destinados a esse setor muito próximos do terminal - explica Brumer.

Mas o Rio de Janeiro também quer abocanhar uma fábrica. Segundo o secretário de Desenvolvimento Econômico, Energia, Indústria e Serviços do Rio, Julio Bueno, o governo estadual vai entrar com força total para captar esses recursos, inclusive para a CBS. Esse grupo também está na mira de Paulo Octávio, vice-governador e secretário de Desenvolvimento do Distrito Federal, que tenta implantar a Cidade Digital em Brasília.

São Paulo também quer fábricas de semicondutores, mas o que os paulistas realmente desejam é a atração da indústria de displays (telas de televisão ou para computador). Para Carlos Américo Pacheco, secretário-adjunto de Desenvolvimento do estado de São Paulo, o recebimento de uma fábrica de semicondutores é positivo, mas pode se repetir o caso da Intel, que acabou se instalando na Costa Rica - que disputou o empreendimento com Campinas.

- Hoje essa fábrica contrata poucas dezenas de engenheiros, importa US$1,5 bilhão por ano e exporta US$2 bilhões. O ganho relativo é pequeno. Já na área de displays, além de termos mais conhecimento e estrutura, poderemos entrar com força em algo novo, conseguir um espaço que não teremos nos semicondutores. Trata-se de um mercado maduro - afirma Pacheco. (Henrique Gomes Batista e Eliane Oliveira)