Título: Europa decide reduzir gases-estufa em 20%
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Fonte: O Globo, 21/02/2007, O Mundo/ Ciência e Vida, p. 24

Ministros do Meio Ambiente da UE acordam meta, a ser ainda submetida aos governos dos países-membros

BRUXELAS. Ministros do Meio Ambiente da União Européia (UE) concordaram em cortar as emissões de gases do efeito estufa em 20% em relação aos volumes de 1990 até 2020. A decisão de adotar metas de redução foi acordada no primeiro encontro do Conselho Ambiental da Comissão Européia, realizado ontem, em Bruxelas. Diminuir gases-estufa é a principal medida para combater o aquecimento global.

Não se trata de uma decisão final, já que demanda ainda a aprovação dos governos dos 27 países-membros, mas reflete o comprometimento dos governantes e a determinação da Comissão Européia de impulsionar um acordo internacional para substituir Kioto - que expira em 2012 e tem metas de corte bem mais modestas.

A proposta da UE, apresentada pela primeira vez em janeiro, prevê ainda que as reduções podem chegar a 30% se outros países desenvolvidos (fora do bloco) decidirem aderir ao pacto. Os ministros reunidos ontem se comprometeram também com essa meta.

A UE precisa ainda decidir como fará as reduções, de forma a permitir acordos com países-membros que não aceitam a imposição de metas obrigatórias. A Hungria e a Polônia, que aderiram ao bloco em 2004, por exemplo, seriam contrárias aos cortes. A Finlândia já se manifestou contrária às metas estipuladas.

A Suécia e a Dinamarca, no entanto, defendem a idéia de que a UE deveria se comprometer unilateralmente com uma redução de 30%. E o ministro do Meio Ambiente da Alemanha, Sigmar Gabriel, afirmou que seu país está disposto a ir além das metas estabelecidas e cortar até 40% das emissões.

- Outros países, como a Alemanha, buscarão uma redução maior dos gases do efeito estufa - afirmou Gabriel.

Segundo o ministro alemão, uma saída pode ser estabelecer metas de corte distintas para cada um dos países, de acordo com suas economias e capacidade de redução, desde que o montante final some 20%.

Empresários pedem cortes de CO2 e pressionam EUA

Os Estados Unidos, que se recusaram a assinar o Acordo de Kioto sob a alegação de que seria prejudicial para sua economia, não se manifestou sobre a decisão da UE. Mas já há indícios de que a mentalidade está mudando no país, o maior emissor de gases-estufa do mundo, e de que o governo será cada vez mais pressionado a aderir a acordos internacionais.

Ontem, em Washington, um grupo formado por mais de cem executivos apresentou um plano para o corte de emissões de gases do efeito estufa, fazendo um apelo aos governos para que ajam com urgência contra o aquecimento global.

"Não fazer nada agora nos levaria a custos econômicos e ambientais muito mais altos e a um risco maior de termos impactos irreversíveis", sustentou o grupo em documento divulgado ao fim da Mesa Redonda Global sobre Mudanças Climáticas.

Trata-se do primeiro grande acordo alcançado desde que os debates começaram, em 2004. O grupo é formado por executivos das mais diversas áreas da indústria, incluindo transportes aéreos, energia e tecnologia, e inclui empresas de grande porte, como General Electric, Ford Motor Co., Toyota Motor North America, o banco de investimentos Goldman Sachs e a Wal-Mart.

Eles pedem aos governos que estabeleçam metas de redução de CO2, o principal gás do efeito estufa. Sugerem ainda que os governantes estabeleçam valores para o CO2 lançado por usinas energéticas e fábricas para desencorajar as emissões.

- É claro que lidar com as mudanças climáticas envolve riscos e custos. Mas o risco maior é não fazer nada - afirmou Alain Belda, presidente da Alcoa, a maior produtora de alumínio do mundo.