Título: Marina admite que ações são insuficientes
Autor: Machado, Ismael
Fonte: O Globo, 22/02/2007, O País, p. 3
BELÉM e BRASÍLIA. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, que participou do lançamento da Campanha da Fraternidade, admitiu que as ações do governo contra o desmatamento ainda não são suficientes. Frisou, porém, que já houve avanços significativos no combate às práticas ilegais na região. Segundo ela, nos últimos quatro anos 1.500 empresas envolvidas em desmatamento, grilagem ou trabalho escravo foram autuadas.
- Além disso, 400 pessoas envolvidas em crimes ambientais já foram presas. Nesse período, autuamos 66 mil propriedades envolvidas em grilagem e apreendemos 800 mil metros cúbicos de madeira. É apenas o começo, para se ter idéia do tamanho do problema - disse a ministra.
A ministra disse ainda que não se sentiu atingida pelo teor do documento-base da CNBB nem pelas críticas feitas pelo seu antigo companheiro de militância em favor das comunidades tradicionais, o bispo Moacir Grechhi, do Acre. Dom Moacir disse que nunca viu projeto algum voltado para atender aos interesses das comunidades tradicionais na Amazônia.
- Não é uma crítica ao governo. De jeito nenhum. Penso que o tema da campanha vai ajudar os governos, inclusive o federal, a assumirem cada vez mais suas responsabilidades, levar para opinião pública de um modo mais abrangente a idéia de que precisamos exigir das autoridades que, cada vez mais, façam políticas que atendam aos anseios da preservação.
O presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Rolf Hackbart, reagiu às críticas da CNBB. Segundo ele, a região recebeu cerca de 60% dos assentados da reforma agrária no primeiro mandato do presidente Lula. Hackbart, no entanto, fez coro com a CNBB ao condenar liminares concedidas pela Justiça em ações de reintegração de posse contra sem-terra que invadem latifúndios.
Apesar de defender o governo, ele se queixou da falta de estrutura do Incra. Hackbart afirmou que o órgão negocia com o Ministério do Planejamento a contratação de mil servidores já aprovados em concurso. O Incra tem cerca de seis mil funcionários na ativa, o que Hackbart considera insuficiente.