Título: Depois de receber apoio da CUT, MST recua para tentar negociar
Autor:
Fonte: O Globo, 23/02/2007, O País, p. 8

Movimento faz invasões em SP e pressiona governo do estado; UDR vai à Justiça

SÃO PAULO. Depois de ocupar 13 fazendas durante o carnaval, numa união inédita entre MST e CUT, os sem-terra do Oeste paulista decidiram, ontem, atender ao pedido do governo paulista e suspender temporariamente as invasões, desocupando as propriedades, para retomar o diálogo com o secretário da Justiça, Luiz Antonio Marrey. O recuo agradou ao governo paulista, mas deixou os ruralistas tensos. Os fazendeiros reclamam que não foram ouvidos pelo secretário e se reúnem amanhã para iniciar pressões contra o diálogo com os sem-terra e a regularização de terras supostamente devolutas.

A assessoria de Marrey informou que as negociações só foram interrompidas por causa das ocupações e que, se o recuo se efetivar, o diálogo deverá ser retomado.

Ontem, a Justiça concedeu liminares de reintegração para pelo menos quatro fazendas no oeste do estado. Anteontem, antes mesmo de as liminares serem expedidas, um dos líderes do movimento, José Rainha Júnior, afirmou que não haveria resistências às desocupações, como é praxe no Pontal, e defendia um recuo estratégico do movimento em nome da reabertura do diálogo.

Ontem de manhã, a CUT São Paulo reafirmou a decisão da direção nacional de apoiar o movimento, fortalecendo os sem-terra paulistas. A UDR pediu ao Ministério Público Estadual a abertura de inquérito para apurar a participação da CUT nas ocupações.

- Embora já tenhamos as declarações de apoio da CUT divulgadas pela imprensa, queremos confirmar a participação da central na prática delituosa das ocupações. Ao contrário do MST, a CUT tem personalidade jurídica. Caso a participação seja confirmada, poderemos entrar com ações cíveis, por danos materiais e morais nas ocupações, e criminais, pelas invasões de terras - disse o presidente da UDR, Luiz Antonio Nabhan Garcia.