Título: Governo federal registra pequena redução da dívida pública em janeiro
Autor: Beck, Martha
Fonte: O Globo, 23/02/2007, Economia, p. 20

Com percentual menor de títulos prefixados, perfil do endividamento piora

Martha Beck

BRASÍLIA. O Tesouro Nacional conseguiu reduzir levemente a dívida mobiliária federal interna (em títulos públicos) em janeiro. Graças a um resgate líquido de papéis de R$18,2 bilhões, o estoque caiu de R$1,093 trilhão em dezembro para R$1,087 trilhão no primeiro mês do ano, ou seja, R$6 bilhões. O impacto da operação não foi maior porque os juros que corrigem a dívida somaram R$12,5 bilhões no período e anularam parcialmente os efeitos da retirada de papéis do mercado.

Em janeiro, a composição da dívida mobiliária ficou menos favorável ao Governo, pois houve redução na participação dos títulos prefixados no estoque. Esses papéis passaram de 36,1% do total, em dezembro, para 34,5% no primeiro mês de 2007, devido a um resgate líquido de R$23,7 bilhões no período. Os prefixados são mais vantajosos para o Tesouro porque dão previsibilidade, uma vez que permitem saber quanto será preciso desembolsar para remunerar os investidores.

Esse tipo de título é visto como positivo pela equipe econômica, mesmo tendo custo mais elevado. Em janeiro, por exemplo, o custo médio da dívida corrigida pelos prefixados ficou em 15,49% ao ano, enquanto o da corrigida pela Taxa Selic (que está em queda) ficou em 13,40% ao ano. Em 12 meses, o custo médio da dívida mobiliária foi de 14,63%.

- Quando o Governo emite um papel prefixado, ele está comprando um seguro, pois ele corre menos risco no mercado. Por isso, vamos continuar com nossa estratégia - disse o coordenador-geral de operações da dívida pública, Ronnie Tavares.

Em janeiro, porém, a participação dos títulos atrelados à Selic na dívida subiu para 38,9%, contra 37,8% em dezembro, devido a uma emissão líquida de R$5,2 bilhões de LFTs no período. Tavares explicou que os primeiros meses de cada trimestre costumam acumular um grande volume de vencimentos de títulos prefixados, o que torna difícil a rolagem da dívida e obriga o Governo a resgatar mais desses títulos e emitir pós-fixados.

- Mas a situação tende a se equilibrar ao longo dos próximos meses e provocar um aumento da participação prefixada no estoque - disse Tavares.

Somando-se a dívida externa ao estoque mobiliário, o endividamento público federal em janeiro chegou a R$1,228 trilhão, com queda de 0,6% em relação ao resultado do mês anterior. Só a dívida externa ficou em R$140,43 bilhões - queda de 2,4% em janeiro devido à valorização de 0,62% do real em relação ao dólar e a um resgate líquido de R$2,9 bilhões. Os papéis atrelados à moeda americana continuam predominando na dívida externa: 83,3% do total.

A maior parte da dívida mobiliária continua vencendo a curto prazo (12 meses). Essa parcela do estoque ficou em 36,86% em janeiro, contra 35,67% em dezembro. Apesar disso, o prazo médio da dívida mobiliária subiu de 31,06 meses em dezembro para 31,88 meses em janeiro.