Título: Investimento externo direto é recorde
Autor: Duarte, Patricia e Santos, Ana Cecília
Fonte: O Globo, 24/02/2007, Economia, p. 23

Recursos para o setor produtivo brasileiro somaram US$2,4 bi em janeiro

BRASÍLIA. Os recursos destinados por empresas e investidores estrangeiros ao setor produtivo brasileiro passaram por forte aceleração em janeiro, registrando o maior valor em sete anos. De acordo com balanço do Banco Central (BC) divulgado ontem, entraram no país US$2,412 bilhões em Investimentos estrangeiros diretos (IED), um aumento de 63,6% - ou quase US$1 bilhão - sobre janeiro de 2006.

Diante do desempenho, a autoridade monetária já fala em aumentar suas projeções de ingresso de IED para 2007, por enquanto de US$18 bilhões. Até ontem, o saldo de IED já estava positivo em US$1,3 bilhão este mês.

- Em fevereiro, no acumulado de 12 meses, ficaremos em cerca de US$20 bilhões. Isso mostra que a projeção de 2007 pode ser revisada mais para frente - adiantou o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes.

Comércio liderou entrada de recursos

Em sua avaliação, o país continua atraindo Investimentos por causa da situação econômica, com reservas internacionais maiores e que trazem mais segurança aos investidores, porque diminuem a percepção do risco-país. Pesa ainda, disse Lopes, o crescimento esperado nos próximos anos, impulsionado pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC):

- O PAC pode influenciar a decisão dos investidores. O fato de oferecer melhor infra-estrutura acaba ajudando.

O setor de comércio foi o que mais contribuiu para a entrada de Investimentos no país, respondendo por 15,1% em janeiro. Em seguida, vieram metalurgia básica (10,7%) e transporte (10,3%). Lopes ressaltou que, nos últimos meses, as atividades de agroindústria e imobiliária também vêm ganhando corpo, e, por isso, a tendência é que continuem recebendo mais recursos.

Para especialistas, as condições mais favoráveis do Brasil e até mundiais ajudam a atrair Investimentos de fora. E a tendência é o Brasil continuar com fortes entradas a curto prazo, já que a situação macroeconômica do país ajuda.

- O empresário consegue aumentar a previsibilidade dele. E isso é fundamental para a decisão de investir - argumenta o economista-chefe do BNP Paribas, Alexandre Lintz.

O movimento das empresas internacionais de buscarem opções fora de seus países também vale para companhias brasileiras. Em janeiro, os Investimentos brasileiros diretos no exterior somaram US$4,027 bilhões, resultado distorcido por uma operação da Vale do Rio Doce de US$6 bilhões, relacionada à compra da canadense Inco, feita em 2006. Descontado isso, houve saída líquida de US$2 bilhões, mostrando que as empresas continuam buscando a internacionalização.

Investimentos lá fora somam US$670 milhões este mês

Em fevereiro, por exemplo, esses Investimentos já estavam em US$670 milhões até ontem. No mesmo mês de 2006, o resultado foi de US$1,778 bilhão.

- Por que o capital que entra é bom e o que sai não é? As empresas brasileiras buscam ficar mais próximas de seus clientes, das fontes de matéria-prima e também de capitalização - afirmou Lopes. (Patrícia Duarte)