Título: Ataques ao Banco Central e ao Fundo
Autor: Beck, Martha e Novo, Aguinaldo
Fonte: O Globo, 24/02/2007, Economia, p. 25

Diretor do BC foi chamado de gordo

SÃO PAULO. Nos artigos de Paulo Nogueira Batista Jr. para o jornal "Folha de S.Paulo", não faltam Ataques ao Banco Central (BC) e ao próprio FMI. Recentemente, referindo-se ao PAC, afirmou que havia "diversos problemas": "Ainda subsistem dois redutos fundamentais da linha FMI-Malan-Palocci: o Banco Central e a Receita Federal".

Em um artigo há cerca de um ano, intitulado "Washington está perdendo a América Latina?", disse que um dos trunfos dos EUA "é a herança de vulnerabilidade financeira externa deixada pelos procônsules. Governos eleitos para mudar a economia dos seus países vêem-se constrangidos por restrições financeiras e cambiais e são obrigados a prestar contas ao FMI". Em 2005, escreveu que a Argentina não teria se recuperado "se estivesse seguindo as políticas preconizadas pelo FMI ou inspirando-se no exemplo do Brasil".

Em outro artigo, ele se opôs à idéia de que o desequilíbrio das finanças públicas, provocado por gastos excessivos do governo, seria um dos principais obstáculos à recuperação da economia. Concluiu que a política fiscal não poderia "carregar sozinha a responsabilidade" pelo PAC. E disse que, se o BC decidir "aumentar a tenebrosa parcimônia na área monetária", a aceleração do crescimento sairia do papel.

Ele também criticou a forma como o BC administra a valorização do real. "O que falta é disposição de enfrentar dogmas e interesses. Disposição para desatrelar o país das políticas convenientes ao mercado e a uma minoria privilegiada".

No "Jornal do Brasil", em 2005, Paulo Nogueira disse que o então ministro da Fazenda, Antonio Palocci, era político, e o segundo escalão do BC dava as cartas. Citou Afonso Bevilaqua, diretor de Política Monetária do BC, que teria "pouca experiência fora da área acadêmica". Nem o físico de Bevilaqua escapou: "trata-se de um gordo. Dizia Nelson Rodrigues que as banhas predispõem aos afetos (...). Nesse caso, não. O gordo em questão se notabiliza pela inflexibilidade e pelo dogmatismo".