Título: Economistas vêem sinal de viés mais heterodoxo
Autor: Beck, Martha e Novo, Aguinaldo
Fonte: O Globo, 24/02/2007, Economia, p. 25

Para ex-presidente do Banco Central, posto no FMI é um indicador político importante

SÃO PAULO. A nomeação de Paulo Nogueira Batista Jr. para o FMI foi criticada pelo ex-presidente do Banco Central (BC) Gustavo Loyola. Segundo ele, Nogueira Batista tem "credenciais acadêmicas", mas a indicação reforçaria a divisão entre o ministro da Fazenda, Guido Mantega e o presidente do BC, Henrique Meirelles:

- Foi mais um sinal de que o BC está cada vez mais isolado. Fica a dúvida sobre a manutenção de sua autonomia (na administração dos juros) e até que ponto vai se manter longe de interferências políticas.

Loyola disse que o posto no FMI é um indicador político importante, já que em tese deveria ser afinado com o BC:

- Lula tem manifestado cautela (sobre possíveis mudanças na diretoria do BC), mas a situação é preocupante.

Para o economista e professor do Ibmec Eduardo Giannetti da Fonseca, o governo foi "de um extremo a outro":

- O FMI deve ficar muito perplexo com um país que faz uma troca dessas. Saiu um economista extremamente afinado com uma certa ortodoxia e entrou outro que sempre se pautou pela heterodoxia.

Para o ex-ministro Luiz Carlos Bresser Pereira, seria mais uma indicação de mudança na política econômica: o governo estaria deixando uma linha mais ortodoxa por um caráter mais "desenvolvimentista".

- Tem de mexer no BC. O país se encontra em uma armadilha formada por juros altos e câmbio defasado. O governo tem de juntar do mesmo lado Fazenda, BC e Planejamento.

Professor da FGV, o economista José Marcio Rego diz que a indicação condiz com a flexibilização da política econômica.

- É uma sinalização de que Mantega e a heterodoxia têm alguma importância no governo. (Aguinaldo Novo)