Título: Etanol é elo entre Brasil e Estados Unidos
Autor: Oliveira, Eliane e Figueiredo, Janaina
Fonte: O Globo, 25/02/2007, O País, p. 13
Segundo pesquisa, antiamericanismo cresce na Argentina
BRASÍLIA e BUENOS AIRES. O Etanol aproximou ainda mais brasileiros e americanos, como alternativa para o petróleo e outros combustíveis fósseis. Como a Venezuela é um dos principais fornecedores de petróleo dos EUA, juntamente com o Irã, Hugo Chávez vem denunciando, sem citar o Brasil, um plano preparado por Bush para que a economia venezuelana seja atingida mortalmente pela redução das exportações do produto.
- O que não queremos é misturar as coisas. Nossas relações com EUA e Venezuela são excelentes - disse uma fonte ligada ao Palácio do Planalto.
- O presidente brasileiro é bem mais cauteloso e Kirchner parece buscar diferenciar-se o tempo todo. O presidente argentino se fortaleceu muito, mas continua atuando como se quisesse demonstrar, às vezes exageradamente, sua independência - afirmou a analista política argentina Graciela Romer.
Segundo ela, "Bush visitará os países menos agressivos" e a Argentina, claramente, não integra essa lista. Entre essas nações mais abertas aos EUA está o Uruguai. Espera-se que Bush e o presidente Tabaré Vázquez festejem, com pompa, o acordo bilateral de comércio e investimentos firmado no mês passado que tanto incomoda os demais sócios do Mercosul.
Presidente argentino teme perder voto da esquerda
O fato é que hoje, na Argentina, o sentimento antiamericano é infinitamente mais forte do que no Brasil. E o país ainda passa por um ano eleitoral. Provável candidato à reeleição, Kirchner prefere não demonstrar qualquer aproximação com o líder americano, para não perder votos da esquerda. Já Lula, reeleito, vive, com tranqüilidade, o segundo mandato.
Segundo pesquisa realizada pela empresa de consultoria Romer e Associados, cerca de 70% dos argentinos admitem ter restrições ao governo americano. Em 2002, antes da chegada de Kirchner ao poder, o percentual alcançava 57%.
Para analistas argentinos, o crescimento do antiamericanismo nas últimas décadas está relacionado à responsabilidade atribuída aos EUA pela pressão que sofreram países como a Argentina para aplicar políticas de ajuste fiscal que limitam a capacidade dos governos para enfrentar crises econômicas. Os argentinos associam as exigências impostas por organismos como o Fundo Monetário Internacional (FMI) ao governo americano, explicaram especialistas em relações internacionais.
Para o escritor argentino Tomás Eloy Martinez, que reside nos EUA, "os argentinos, como muitos outros povos, rechaçam a sede bélica e imperialista de Bush":
- Não existe um ódio em massa aos americanos. O que vários países repudiam é a política de Bush, sua tática de ataque preventivo.