Título: Grandes centros perdem espaço
Autor: Doca, Geralda
Fonte: O Globo, 26/02/2007, Economia, p. 13

Nas regiões metropolitanas, ocupação cresceu abaixo da média

BRASÍLIA. O mapa do Emprego mostra que a expansão das atividades com carteira assinada nas nove regiões metropolitanas mais importantes do Brasil - Rio, São Paulo, Salvador, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Belém, Recife e Fortaleza - ficou abaixo da média nacional, 4,6% contra 4,8%, deixando para o interior e as demais capitais o posto de locomotivas da geração de Emprego no Brasil. É o que mostra a análise dos números do Ministério do Trabalho para o primeiro governo Lula, elaborada pelo economista Márcio Pochmann.

Segundo ele, a principal explicação para a disparidade é o fato de a economia ter sido puxada nos últimos quatro anos pelas exportações, centradas em produtos básicos, como soja e minério de ferro, e não pela demanda no mercado interno.

Já regionalmente, Nordeste e Centro-Oeste tiveram os desempenhos mais fracos. Entre 2003 e 2006, a alta no total de Empregos nos estados destas regiões foi de 4,1% e 4,4%, respectivamente. A crise em algumas culturas e o reaparecimento de doenças na lavoura e na pecuária foram as principais causas deste fraco desempenho.

Na contramão, impulsionada pelas atividades extrativas, sobretudo mineral, a Região Norte surpreendeu com alta de 5,6%. O Sudeste teve expansão menor, de 5%. Mas, como o estoque de Emprego em seus estados é maior, a região respondeu por mais da metade de todas as contratações no período.

Quem mais Empregou foram as grandes empresas, com mais de 500 funcionários, que responderam por 40% das vagas abertas. As firmas de porte médio, entre cem e 500 trabalhadores, responderam por 15,6% do total de vagas abertas, e as pequenas, com 20 a 99 empregados, tiveram participação de 20,1%. Já as microempresas, que empregam até 19 trabalhadores, ficaram com 24,3% do saldo total.

Segundo Pochmann, a análise dos números derruba alguns mitos, como o de que a indústria de transformação não contrataria, diante da política de juros elevados. Apesar de o mercado formal de trabalho ter sido puxado pelo setor de serviços, a indústria continuou tendo participação relevante. De cada três vagas abertas, uma foi neste setor. E a despeito do boom das exportações e do agronegócio, o campo abriu apenas 109,6 mil vagas.

Pochmann acredita que, se o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) for bem-sucedido e os recursos anunciados forem de fato injetados na economia, haverá impacto positivo no mercado de trabalho, com a geração de Empregos com salários mais elevados. (Geralda Doca)