Título: Lula agora espera processo de alinhamento
Autor: Camarotti Gerson e Damé, Luiza
Fonte: O Globo, 27/02/2007, O País, p. 10

Presidente diz que aguarda adesão de descontentes da oposição à base

BRASÍLIA. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva apresentou ontem mais uma condição para concluir a montagem do Ministério do segundo governo: vai esperar o troca-troca partidário que está ampliando a base aliada no Congresso com os descontentes da oposição. No programa semanal de rádio, que foi ao ar ontem de manhã, Lula voltou a falar que não tem pressa e que fará poucas mudanças no Ministério, argumentando que todos os partidos aliados já estão contemplados, exceto o PDT.

No programa de rádio, no qual foi entrevistado exclusivamente sobre a reforma, Lula insistiu na unificação do PMDB, o que significa a concordância das bancadas da Câmara e do Senado em torno da indicação de José Gomes Temporão para o Ministério da Saúde.

- O partidos estão num processo de alinhamento. Eu vejo todo dia pela imprensa, eu converso com as lideranças: tal partido tinha 40, passou para 46; tal partido tinha 50, caiu para 48; tal partido tinha 65, caiu para 60. Ou seja, ainda não terminou esse movimento dentro dos partidos políticos, o que me dará mais tranqüilidade para definir a montagem do governo e aquilo que eu quero trocar no governo - disse Lula.

Lula disse se sentir constrangido com as notícias sobre quem entra e quem sai do governo. Ele evitou, no entanto, confirmar a permanência de ministros dados como certos e de outros que já anunciaram sua saída, como Márcio Thomaz Bastos (Justiça). Segundo Lula, até agora "todos continuam", mas esse quadro poderá mudar em dez dias. Ele citou os ministros Gilberto Gil (Cultura), Waldir Pires (Defesa), Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento) e Thomaz Bastos. Também não fez comentários sobre a eventual entrada de Marta Suplicy no governo.

- A única coisa que, às vezes, me deixa assim um pouco constrangido é que eu vejo pela imprensa nomes e mais nomes, pessoas e mais pessoas, todo dia sai um, todo dia entra um - disse.

Inicialmente, o presidente Lula disse aos aliados que esperaria as eleições dos presidentes da Câmara e do Senado para fazer a reforma ministerial, que vem sendo negociada desde o fim do ano passado. Depois, o prazo foi o carnaval; em seguida, a convenção do PMDB; e agora o troca-troca partidário.

"Todos sabem da importância do PMDB para a nossa base"

No programa, Lula disse não ter compromisso em fazer a reforma antes ou depois da convenção que vai eleger o novo presidente do PMDB, marcada para os dias 10 e 11 de março:

- Não vou esperar (a convenção). Tenho trabalhado com muita insistência para uma unificação do PMDB na bancada federal. Todo mundo sabe da importância do PMDB para consolidar a nossa base de aliança.

Para concluir as negociações, disse que vai conversar, nos próximos dias, com o PRB do vice José Alencar, o PT e o PV:

- No momento certo, eu indicarei o Ministério. Não vai haver muita mudança. Os partidos, com exceção do PDT, estão contemplados dentro do governo. Ou seja, você pode trocar alguns nomes, mas a maioria dos partidos já está totalmente contemplada. (Luiza Damé)