Título: PP se nega a ceder Cidades para Marta Suplicy
Autor: Camarotti Gerson e Damé, Luiza
Fonte: O Globo, 27/02/2007, O País, p. 10

Em encontro com Tarso Genro, partido avisa ao presidente Lula que não aceita a pasta da Agricultura em troca

Gerson Camarotti e Luiza Damé

BRASÍLIA. A cúpula do PP mandou mais um recado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva: o partido não está disposto a abrir mão do Ministério das Cidades para o PT, recebendo em troca a pasta da Agricultura. O aviso foi dado no domingo, num encontro reservado entre o ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, e o presidente do PP, deputado Nélio Dias (RN). Para tentar solucionar um dos impasses da reforma ministerial, o Palácio do Planalto sondou o PP sobre a possibilidade de a legenda mudar de pasta.

O PT insiste na nomeação da ex-prefeita Marta Suplicy para o Ministério das Cidades. Mas o atual ministro Márcio Fortes conta com o apoio da bancada do PP e com a simpatia do próprio Lula. Na conversa, que aconteceu em Brasília, Tarso Genro ouviu que o partido não está disposto a trocar o cobiçado Ministério das Cidades justamente agora que será responsável por uma série de ações bilionárias do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

- O assunto está encerrado. O PP não aceita trocar o Ministério das Cidades pela Agricultura. O PT quer colocar a faca no pescoço do presidente Lula ao tentar pôr a Marta Suplicy nas Cidades. Isso não é correto. E, na conversa que tivemos com o presidente, ficamos convencidos de que o ministro Márcio Fortes fica onde está - disse o líder do partido na Câmara, deputado Mário Negromonte (PP-BA).

Uma parte do PP, mais ligada à ala ruralista, chegou a sinalizar positivamente para o deslocamento do partido para o Ministério da Agricultura. Mas o grupo majoritário do partido, mais ligado às questões urbanas, rejeitou a proposta.

Saúde e Integração Nacional devem ir mesmo para PMDB

Enquanto Lula passou o dia no Uruguai, Tarso Genro se reuniu com o presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP). O ministro confirmou a disposição de Lula de entregar ao partido as pastas da Saúde e da Integração Nacional, mas insistiu na indicação do médico José Gomes Temporão para a Saúde. Temer voltou a alegar que há resistências no partido ao nome de Temporão, recém filiado ao PMDB, mas ficou de ouvir novamente a bancada na Câmara.

Tarso disse ainda a Temer que a reforma ministerial não está vinculada ao resultado da convenção do PMDB e que o presidente pretende anunciar a nova equipe antes do dia 11 de março, quando o PMDB vai escolher o futuro presidente, numa disputa entre Temer e o ex-ministro Nelson Jobim, vinculado ao grupo dos senadores.