Título: Projeções mostram Brasil na lanterna da AL
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Fonte: O Globo, 27/02/2007, Economia, p. 24

Crescimento do país em 2006 teria ficado em 2,7%, segundo mercado e Cepal, à frente apenas do Haiti

SÃO PAULO e BRASÍLIA. O Brasil deve ter reprisado em 2006 o penúltimo lugar no ranking de crescimento econômico da América Latina, além de ter registrado a última - e distante - posição entre os países do chamado Bric (o grupo dos grandes emergentes: Brasil, Rússia, Índia e China). O governo divulga o Produto Interno Bruto (PIB, conjunto das riquezas produzidas no país) de 2006 amanhã.

Para economistas, isso se deve a juros altos, real valorizado e problemas estruturais. E afirmam que, sem mais investimentos, o Brasil dividirá em 2007 o penúltimo lugar no ranking latino-americano com o Paraguai. O mercado prevê, segundo a pesquisa semanal do Banco Central, avanço do PIB de 2,7%, taxa superior, na região, apenas à do Haiti, com base em dados já publicados e previsões da Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal).

Para este ano e 2008, o boletim Focus projeta expansão de 3,5%. A estimativa é igual à da Cepal, que ainda projeta crescimento de 4,7% para a América Latina.

Edgard Pereira, economista-chefe do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), vê o resultado do PIB brasileiro nos últimos anos como uma "perda de oportunidades", já que a expansão mundial está em um ritmo não visto desde a década de 1970:

- O principal motivo para estarmos perdendo isso é a política monetária.

Na América Latina, a maior expansão em 2006 deve ser da República Dominicana: 10,7%. A Venezuela cresceu 10,3%. Para Argentina, Uruguai e Paraguai, as Projeções são de 8,5%, 7,3% e 4%, respectivamente. No Bric, a China avançou 10,7% e a Índia deve crescer 9,2%.

- Sem investimentos não vamos crescer. O PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) ajuda, mas não soluciona todos os problemas - disse Agostini, que estima que o investimento deve ter ficado em 20% do PIB em 2006.

Já Carlos Cavalcanti, economista do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), minimiza o baixo crescimento relativo brasileiro:

- O Brasil é uma economia mais desenvolvida que a de muitos países da região, como a Bolívia, que produz gás, o Chile, que vive basicamente do cobre, e a Venezuela, que vive basicamente de petróleo.

As Projeções do mercado para o IPCA recuaram de 3,94% para 3,91% em 2007. Para o dólar, a expectativa manteve-se em R$2,14 no fim do ano.