Título: Para economistas, Greenspan pode estar certo sobre risco de recessão
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Fonte: O Globo, 28/02/2007, Economia, p. 20

Assessores econômicos de Bush vão monitorar mercados financeiros

Da Bloomberg News*

WASHINGTON e NOVA YORK. Para os economistas, Alan Greenspan tem razão: uma recessão nos Estados Unidos é possível, apesar de pouco provável. O ex-presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), que deixou o cargo em janeiro de 2006, afirmou em uma teleconferência segunda-feira que a desaceleração no crescimento das margens de lucro é um sinal de que a expansão da economia americana pode estar chegando ao fim, segundo a Associated Press. Mas ele reconheceu que a maioria dos economistas não está prevendo uma recessão.

- Embora, sim, seja possível que entremos em recessão no fim de 2007, a maioria dos analistas não tem esse julgamento - disse Greenspan, acrescentando que as margens de lucro começaram a se estabilizar, o que indica o fim de um ciclo.

Em setembro, pesquisa já falava em recessão

Os comentários vieram em um momento de fragilidade em algumas áreas da economia e na véspera de uma queda nas bolsas globais, puxada pela China.

- O mercado dá muita credibilidade a Greenspan - disse John Silvia, economista-chefe da corretora Wachovia. - Quando ele levanta uma questão, creio que todos os investidores prudentes param para examiná-la.

A maioria acha que uma recessão é possível, apesar de as chances serem remotas, disse Silvia. Em setembro, 25% dos economistas ouvidos em pesquisa da Associação Nacional de Economia Empresarial (Nabe, na sigla em inglês) apontavam chance de recessão em 2007.

- Greenspan não pareceu achar que a recessão é provável, apenas possível - disse Chris Low, economista-chefe da FTN Financial. - Mas quando os lucros das empresas começam a encolher, os investimentos caem.

Greenspan fará uma conferência em Tóquio hoje.

Depois da queda nas bolsas ontem - o Dow Jones caiu 3,29% e o Nasdaq, 3,86% - a equipe econômica do governo George W. Bush decidiu monitorar os mercados financeiros, informou um porta-voz da Casa Branca. Em pontos, o Dow teve a maior queda desde os atentados do 11 de Setembro.

- Os assessores econômicos do presidente estão acompanhando os mercados - disse o porta-voz, Tony Fratto. - Continuamos a acreditar que a economia americana é sólida.

Perguntado se a equipe - que inclui, entre outros, o presidente do Fed e o secretário do Tesouro - seria consultada acerca da queda das bolsas, Fratto disse não ter informação sobre isso.

(*) Com agências internacionais