Título: É hora do ajuste: China é desculpa
Autor: Duarte, Patricia e Beck, Martha
Fonte: O Globo, 28/02/2007, Economia, p. 21

RICARDO AMORIM

Para o chefe de Pesquisa para América Latina do banco de investimentos West LB, Ricardo Amorim, o tremor nos mercados iniciado na China com repercussão nas bolsas mundiais é passageiro.

Ana Cecília Santos

O que levou a essa crise nas bolsas?

RICARDO AMORIM: Não acredito em crise financeira, e sim em um movimento de ajuste nas bolsas devido ao grau de alavancagem dos investidores. Eles estavam tomando empréstimo para aplicar nos mercados em todo o mundo, o que gerou subidas fortes nas bolsas, e agora é a hora do ajuste.

O Brasil está ameaçado ou estamos blindados?

AMORIM: Essa não é uma crise econômica, logo não vai afetar a economia brasileira. O governo chinês fez um ajuste por medo de uma bolha na bolsa. Eles aumentaram o valor do depósito para os bancos, reduzindo a capacidade de os investidores se alavancarem. O ajuste iria acontecer de qualquer jeito, a China foi uma desculpa. O estopim foi esse como poderia ser qualquer outro. A chacoalhada foi forte, mas não é uma crise mundial.

O Brasil continua sendo um mercado atraente aos investidores estrangeiros?

AMORIM: O cenário positivo para os emergentes e o Brasil continua porque o crescimento mundial é forte e o juro lá fora, baixo. Mas o país vai demorar a ser investment grade, pois o perfil da dívida pública não é bom.

Quanto tempo vai durar essa turbulência?

AMORIM: Deve durar algumas semanas. Se a partir de agora ocorrerem quedas sucessivas fortes nas bolsas, a turbulência pode passar logo, mas o mais provável são quedas menores em períodos mais longos.