Título: Juiz de menores critica educadores de ONGs
Autor: Soler, Alessandro e Motta, Cláudio
Fonte: O Globo, 28/02/2007, Rio, p. 12

Magistrado afirma que falta capacitação e que a profissão deveria ser regulamentada

Cláudio Motta e Natanael Damasceno

O juiz da 2ª Vara da Infância e da Juventude, Guaraci Vianna, defendeu ontem a regulamentação da atividade de educador, o profissional de ONGs que lida com menores. O magistrado sugere uma ampla discussão sobre a criação de um curso para esses profissionais que, na opinião do juiz, deveriam ter aulas até de proteção pessoal.

¿ Devemos encarar a educação de menores com a seriedade que o tema merece. O grande problema hoje é que a maioria das pessoas que trabalham em ONGs não se capacita. Isto cria vínculos não profissionais positivos e negativos, e gera não apenas a perda de tempo como tragédias ¿ disse o juiz.

Guaraci Vianna não acredita que o recrudescimento da violência venha dificultando o trabalho com menores carentes.

¿ O trabalho em si já é difícil por lidar com jovens, ainda mais com os que não têm referência familiar. Acredito que a maioria das pessoas só ouviu falar nessa ONG (Terr¿Ativa) após esse fato. O problema não está em ajudar o menino, mas em não saber como ajudá-lo ¿ afirmou.

Apesar das críticas do juiz, ONGs que têm projetos voltados para menores de rua e carentes classificaram o episódio de ontem como uma exceção. Cleise Moreira, psicóloga que coordena programas voltados para crianças e adolescentes na Fundação Bento Rubião, que atua há 20 anos, diz que nunca houve um caso em que um adolescente assistido tenha se voltado contra alguém da instituição.

¿ Pelo contrário, alguns chegaram a intervir para nos livrar de situações constrangedoras nas localidades onde atuamos ¿ disse a psicóloga.

Cleise explica que, entre outros projetos, atua em programas para menores infratores, prestando serviços de defesa e acompanhamento e que muitos deles são encaminhados ao mercado de trabalho.

Já a psicóloga Cláudia Guimarães, coordenadora do Núcleo de Relações Institucionais da Fundação São Martinho, afirma que o crime em Copacabana foi um caso isolado e que, em seus 12 anos de trabalho, nunca viu um problema semelhante.