Título: Senado americano recebe alerta contra Chávez
Autor: Cooper, Helene e Semple, Kirk
Fonte: O Globo, 28/02/2007, O Mundo, p. 27

Diretor de Inteligência diz que Venezuela pode desencadear corrida armamentista na região.

WASHINGTON. O diretor nacional de Inteligência dos EUA, Michael McConnell, advertiu ontem o Senado americano da crescente aquisição de armamento russo por parte da Venezuela que, segundo ele, pode desencadear uma corrida armamentista na América Latina. Em depoimento ao Comitê das Forças Armadas do Senado ¿ para quem apresentou o ¿Informe Anual sobre Ameaças¿ aos EUA ¿ McConnell disse ainda que, apesar de a democracia estar ganhando espaço na América Latina, ¿ela corre risco na Venezuela e na Bolívia¿.

¿ Os governos de Hugo Chávez e Evo Morales estão aproveitando sua popularidade para debilitar a oposição e exercer sua autoridade ¿ criticou o diretor, que classificou o venezuelano como o líder anti-EUA ¿mais estridente do mundo¿.

Fidel fala com Chávez em seu programa de rádio

O vice-presidente da Venezuela, Jorge Rodríguez, negou que o país possa, algum dia, contribuir para uma corrida armamentista na região, frisando que a intenção de investir em armamento é apenas para o Estado se defender. Moscou e Caracas firmaram, nos últimos dois anos, contratos de até US$3 bilhões ¿ em que a Rússia vendeu a Chávez 54 helicópteros militares, 24 aviões de caça e 100 mil fuzis AK-103. Além disso, os acordos prevêem a construção na Venezuela de uma base para a fabricação de fuzis e munição, um investimento de US$200 milhões. Chávez já havia alertado para a intenção ¿dos EUA e sua atitude imperialista de tentar desarmar a Venezuela para depois invadi-la¿.

Em seu depoimento no Senado americano, McConnell criticou Chávez pelos projetos de nacionalização de seu governo, que atingirão várias empresas americanas.

¿ Com tudo isso, o mandatário venezuelano continuará tentando debilitar a influência dos EUA na Venezuela e no resto da América Latina ¿ concluiu o diretor, que falou até de uma influência mais abrangente de Chávez no mundo.

McConnell, no entanto, disse aos senadores que os EUA não devem temer uma suposta tendência esquerdista radical na América Latina, afirmando que a maior parte dos líderes ¿ tanto de esquerda como de direita ¿ é moderada e não há uma tendência ideológica dominante na região.

¿ A vitória de esquerdistas com tendências populistas apenas reflete a crescente impaciência do eleitorado frente ao fracasso dos governos para melhorar as condições de vida da população ¿ declarou, citando especialmente o Peru e o Equador como os dois países onde a população parece estar mais insatisfeita.

No caso de Cuba, o diretor disse que a transição de um regime pós-Fidel dependerá da boa vontade de seu irmão, Raúl Castro, e das pressões populares por reformas econômicas e políticas. Ontem à noite, o líder convalescente cubano ¿ afastado do poder em agosto de 2006 e que não aparece em público desde então ¿ conversou ao vivo com Chávez durante o programa de rádio ¿Alô Presidente!¿, do líder venezuelano. Os dois trocaram elogios e Fidel disse que se recupera e sente-se ¿mais forte¿.