Título: Parcerias comerciais e Chávez na agenda
Autor: Oliveira, Eliane
Fonte: O Globo, 01/03/2007, O País, p. 13

EUA tentam confrontar venezuelano

WASHINGTON. O súbito interesse dos EUA em firmar parceira preferencial com o Brasil em relação ao etanol vai além da preocupação com a preservação do meio ambiente e da garantia de um suprimento constante de energia alternativa. Há dois objetivos embutidos nessa iniciativa, segundo fontes oficiais americanas.

Por um lado está a tentativa de engajar o Brasil num tratado comercial de grande envergadura, depois do fracasso das negociações para a criação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca). E, por outro, a execução de uma estratégia geopolítica: criar uma forma para confrontar (ou neutralizar) a influência que o presidente Hugo Chávez tem exercido sobre alguns países latino-americanos - sobretudo os da América Central e do Caribe.

Estes viriam a se beneficiar da tecnologia do etanol, desenvolvida tanto pelo Brasil quanto pelos EUA. Segundo a Casa Branca, os países daquelas duas áreas permanecem atados à agricultura tradicional e, com o etanol, poderiam transformar a sua capacidade agrícola em energia e, dessa forma, se tornarem fornecedores estratégicos de energia para os EUA.

- Além disso, eles passariam a atender as suas próprias necessidades energéticas, sem estarem mais sujeitos à chantagem da Venezuela - disse um funcionário americano, referindo-se ao fato de Chávez estar fornecendo petróleo a custo baixo, ou mesmo gratuitamente, a alguns países em troca de apoio político à suas iniciativas internacionais, claramente anti-americanas.