Título: Lula pedirá fim de taxas de importação sobre etanol
Autor: Oliveira, Eliane
Fonte: O Globo, 01/03/2007, O País, p. 13

Decisão do presidente americano, no entanto, não impedirá a concretização da parceria

Eliane Oliveira

BRASÍLIA. Sob o argumento de que não pode haver barreiras numa aliança para a expansão do etanol no mercado mundial, o presidente Lula pedirá a seu colega americano, George W. Bush, que seu país acabe com as taxas cobradas sobre as importações do combustível produzido no Brasil. Hoje, ao entrar nos EUA, o álcool brasileiro é tributado em 54 centavos de dólar por galão, ou 14 centavos de dólar por litro. Os dois presidentes se reunirão dias 8 e 9 próximos, em São Paulo.

- Não sei se tudo será resolvido de uma só vez. Mas, obviamente, isso não deixará de ser colocado sobre a mesa - disse ontem o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim.

Segundo o chanceler, não houve negociação prévia sobre o tema e, portanto, o fim da barreira não significa uma condição para que a parceria se concretize. Ele aposta numa solução a médio prazo, uma vez que um dos objetivos de Lula no encontro com Bush é convencê-lo de que o etanol precisa ser olhado como commodity energética, e não como produto agrícola:

- Essa parceria poderá incluir projetos de cooperação em outros países. Só que são planos de médio e longo prazos.

Amorim disse que não há expectativa de que Bush peça a Lula para interceder junto ao presidente da Venezuela, Hugo Chávez, para que sejam minimizadas as críticas à politica externa americana. Ele disse que o governo não pretende interferir em questões entre as nações vizinhas e os EUA e destacou que as boas relações entre Brasil e EUA vão contribuir para a integração da América do Sul.

- Não sei se o Bush virá ao Brasil em busca de tranqüilizantes - brincou o ministro. - O que queremos é que os EUA tenham compreensão dos problemas latino-americanos, incluindo diversidade, pluralidade e reivindicações econômicas. Para isso, é preciso criar um clima. Mas não queremos posar de intermediários para ninguém.