Título: Investimentos subiram 6,3% e foram o principal motor do crescimento
Autor: Almeida, Cássia e Rodrigues, Luciana
Fonte: O Globo, 01/03/2007, Economia, p. 30

Resultado pode não gerar aumento de capacidade produtiva

Expansão foi puxada pelos setores de construção civil e de máquinas

Cássia Almeida, Luciana Rodrigues e Bruno Rosa

Os investimentos foram o grande motor da economia em 2006. A expansão de 6,3% foi bem superior ao 1,6% registrado em 2005. A taxa foi puxada por dois setores que tiveram bom desempenho no ano passado. A construção civil - refletindo as medidas do governo de apoio ao setor, o aumento de obras públicas com as eleições, o ganho salarial e o crédito - subiu 4,5%, depois de amargar mísera alta de 1,3% em 2005.

- Mas o efeito maior para a alta dos investimentos veio do setor de máquinas e equipamentos, principalmente das importações, que cresceram muito nesse segmento, embaladas pelo câmbio valorizado - explicou Rebeca Palis, gerente de Contas Nacionais Trimestrais do IBGE.

Porém, o resultado pode não representar, no futuro, um aumento da capacidade produtiva das empresas. Segundo o economista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) Armando Castelar, muito desse investimento foi dirigido para modernização do parque industrial e não para plantas novas:

- A taxa alta veio em cima de um patamar muito baixo. Essa única expansão não muda o ritmo de crescimento do país.

Antonio Licha, da UFRJ, é mais otimista. Prevê para 2007 um avanço de 8% no investimento. Com isso, a expansão maior da economia também em 2008 estaria garantida pelas previsões do economista:

- Com isso, também não teremos pressões inflacionárias em 2008.

Com o resultado do último trimestre, a economista Solange Srour, da Mellon Global Investments, estima que a taxa de investimento da economia brasileira tenha fechado perto de 21,5% do PIB em 2006.

A Vitalis, empresa de alimentos que comercializa os temperos e especiarias Chinezinho, aumentou em 16% os investimentos no ano passado. Com a compra de novos equipamentos, a capacidade de produção subiu 25%.

- Elevamos o investimento porque houve alta real na renda em 2006, com o reajuste do mínimo. Com sobras no orçamento, as famílias melhoraram a qualidade na alimentação. Em 2007, vamos aumentar o investimento em 25% - disse Sérgio Duarte, presidente da Vitalis.