Título: Previsões oficiais da taxa pecaram pelo otimismo
Autor: Rodrigues, Luciana e Novo, Aguinaldo
Fonte: O Globo, 01/03/2007, Economia, p. 31

Equipe econômica fez projeção inicial de 4,5% de expansão e revisou o percentual várias vezes.

BRASÍLIA. O pífio desempenho da economia em 2006 seria inimaginável para quem se guiou pelas previsões do governo federal sobre o ano que passou. Como já é hábito, a equipe econômica foi otimista ao fazer a projeção que norteia o Orçamento da União. Entre abril de 2005 e agosto de 2006, a estimativa oficial para o PIB manteve-se em 4,5%.

Foram 16 meses remando contra a maré. Quando a Lei de Diretrizes Orçamentária de 2006 foi elaborada, em abril de 2005, trazendo a primeira previsão, o mercado já derrubara sua projeção inicial de 4% três vezes, para 3,5%. A União só revisou sua estimativa em setembro de 2006, quando cravou 4% na reavaliação de receitas e despesas. O mercado estava em 3,09%.

A redenção só veio em novembro: o governo contentou-se com expansão do PIB de 3,2%. Nem mesmo o Banco Central, taxado de conservador, fugiu ao otimismo. Em dezembro de 2005, estabeleceu 4% como parâmetro. Em setembro último, a projeção caiu a 3,5%, passando a 3% no último relatório de inflação.

Usando como amuleto o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o governo seguiu a tradição para as previsões de 2007. Desde janeiro de 2006, o mercado projeta taxa de 3,5%. Já o governo fez a programação orçamentária com PIB de 4,75%. Em fevereiro, porém, baixou para 4,5%.