Título: Empresários e trabalhadores defendem mudanças na economia
Autor: Novo, Aguinaldo
Fonte: O Globo, 01/03/2007, Economia, p. 32

Setor produtivo critica política que mantém juros e tributação elevados.

SÃO PAULO. O pífio resultado do PIB em 2006 reforçou entre empresários e representantes de trabalhadores a defesa de mudanças na política econômica, com a aceleração da redução dos juros, menor carga tributária e investimentos em infra-estrutura. O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, chegou a dizer que não foi por falta de aviso e sugestões que o governo deixou de fazer as mudanças para recolocar o país no caminho do crescimento.

- Há pelo menos um ano estamos alertando o governo que a continuidade dessa política iria levar o país a esse resultado insignificante - afirmou Skaf ao GLOBO.

Mais tarde, em nota, Skaf acrescentou que "só nos resta continuar lutando" para que o governo "demonstre vontade política e união para investir, de fato, num futuro melhor".

Já a Central Única dos Trabalhadores (CUT) voltou a cobrar a queda do juro, que deveria "acontecer em ritmo mais acelerado", e defendeu a participação de trabalhadores e representantes do setor produtivo no Conselho Monetário Nacional, para garantir que a estabilidade da inflação não continue sendo encarada pelo Banco Central como a "razão única da existência do país".

Força Sindical pede demissão de Meirelles

Mais contundente, a Força Sindical pediu a demissão do presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, chamado de "insensível tecnocrata" que se curvaria "vergonhosamente para o setor especulativo em detrimento à produção e aos trabalhadores".

O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro Neto, pediu a redução da carga e incentivos ao investimento. Para ele, a expansão de 2,9% não surpreendeu:

- O resultado já estava desenhado tendo em vista o baixo ritmo de crescimento nos três primeiros trimestres do ano.

Monteiro Neto lembrou que entre as razões para o baixo crescimento estão, além da carga tributária, o elevado custo do capital, a regulação inadequada e a burocracia.

Já Boris Tabacof, diretor do Departamento de Economia do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), afirmou que "taxas medíocres" obrigam o país a discutir "a má qualidade da infra-estrutura, os entraves gerados por legislações arcaicas nas áreas trabalhistas, sindical e tributária e o baixo nível educacional do trabalhador".

O presidente do Sinduscon, entidade que reúne as empresas da construção, João Claudio Robusti, pediu agilidade na aprovação das medidas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para o país se aproximar da meta de crescer 5%.