Título: Oposição e governistas atacam política econômica
Autor: Beck, Martha
Fonte: O Globo, 01/03/2007, Economia, p. 34

Parlamentares criticam BC e cobram o "espetáculo do crescimento" prometido por Lula

BRASÍLIA. Partidos de oposição, governadores do PSDB e até parlamentares governistas criticaram o fraco desempenho da economia em 2006. A tônica da maioria dos discursos foi que a política de juros está equivocada e que o Banco Central (BC) precisa ser menos conservador.

Os governadores de São Paulo, José Serra, e de Minas Gerais, Aécio Neves, lamentaram o crescimento abaixo de 3%. Para Serra, a política econômica está equivocada. O líder da oposição na Câmara, deputado Júlio Redecker (PSDB-RS), considerou que os juros se mantêm altos, e a carga tributária segue em "níveis absurdos", lembrando que o presidente Lula prometera o "espetáculo do crescimento".

- Acho o resultado uma excrescência. Um país cheio de potencialidades como o Brasil não poderia crescer somente mais que o Haiti. Existe uma falta completa de administração. Se o crescimento se mantém no mesmo nível do governo FH, existe uma incompetência do governo Lula em avançar - disse.

Serra disse que é preciso mudar a política macroeconômica.

- A expectativa é de crescimento lento, infelizmente. O crescimento está condicionado à política macroeconômica, que não depende só de nossa vontade. Mas o governo toma decisões equivocadas na questão de juros e câmbio, basicamente - disse ele, que alfinetou o BC, dirigido por Henrique Meirelles. - Acho que o problema do BC não é conservadorismo. É de ignorância econômica.

No Congresso, o PIB mobilizou os debates. O líder do PFL no Senado, José Agripino Maia (RN), disse que a taxa de 2,9% é lamentável, também criticando os juros e a carga tributária:

- É lamentável. Se bem que já se sabia que o PIB seria inferior a 3%, embora o presidente Lula estivesse prometendo o espetáculo do crescimento. É um governo tímido na tomada de providências.

Mercadante: "Cultura do baixo crescimento é inaceitável"

Entre os aliados, o senador Aloizio Mercadante (PT-SP), disse que não há porquê um país como o Brasil crescer 2,9%:

- É uma taxa acima da dos dois últimos anos, mas muito abaixo do potencial do Brasil. O Brasil não pode mais se acomodar com essa cultura do baixo crescimento. Não se justifica ter uma política monetária tão restritiva e juros tão altos, quando a inflação está tão abaixo da meta. É inaceitável. Temos um BC que não quer correr risco.

Já o ex-ministro da Fazenda e deputado Antonio Palocci (PT-SP) disse que o PIB mostra que o país consolidou a estabilidade e é preciso agora potencializar o crescimento. O senador César Borges (PFL-BA) e o deputado José Carlos Aleluia (PFL-BA) criticaram o governo. Mas o mais exaltado foi o líder do PFL na Câmara, Onyx Lorenzoni (RS):

- O Brasil precisa crescer. Lula, com sua inércia, está nos jogando numa situação onde todo o mundo cresce e o Brasil amarga essas taxas de crescimento!