Título: Linha dura deverá ser mantida
Autor: Duarte, Patrícia e Camarotti, Gerson
Fonte: O Globo, 02/03/2007, Economia, p. 21

Mário Mesquita e Rodrigo Azevedo compartilham visão econômica

Patrícia Duarte, Patricia Eloy e Ana Cecília Santos

BRASÍLIA e RIO. A tríade se transformou em dupla. Com a saída do diretor de Política Econômica, Afonso Bevilaqua, a diretoria do Banco Central (BC) passou a ter seu núcleo duro formado por duas pessoas: Rodrigo Azevedo, à frente da diretoria de Política Monetária, e Mário Mesquita. Para os que esperavam que um troca-troca no time significasse uma virada na atuação do BC, má notícia: as cabeças que ficam compartilham do mesmo pensamento econômico.

Bevilaqua tem forte formação acadêmica e é ligado à PUC-RJ, de onde também vieram o ex-ministro da Fazenda Pedro Malan e o ex-presidentes do BC Gustavo Franco e Armínio Fraga. Foi lá também que Mário Mesquita fez o seu mestrado em Economia.

Bevilaqua e Azevedo eram apontados como os dois principais diretores do BC. Enquanto era negociada a saída de Bevilaqua, o nome de Mesquita - que foi economista do FMI - já era dado como praticamente certo para assumir a diretoria de Política Econômica.

José Alfredo Lamy, sócio da Cenário Investimentos, lembra que, em janeiro, Bevilaqua assinou, com Mário Mesquita, um artigo intitulado "Brasil: controlando as expectativas de inflação". Nele, mostravam sintonia ao defender o sistema de metas de inflação e a política monetária do governo Lula.

- Os dois olham na mesma direção. A linha dura do BC será mantida e, na semana que vem, os juros devem cair 0,25 ponto percentual, como na última reunião - diz Lamy, para quem a notícia não terá impactos sobre o mercado.

Apesar da saída de Bevilaqua, não existe expectativa de que novas demissões sejam anunciadas no BC até que o presidente Lula oficialize a tão esperada permanência de Meirelles à frente do Banco Central.

Ao assumir interinamente o cargo de Bevilaqua, Mesquita restabelece o traçado original da diretoria do BC. Quando Ilan Goldfajn saiu do governo, em 2003, a diretoria de Política Econômica foi dividida em duas: Política Econômica (com Bevilaqua) e Estudos Especiais (com o Eduardo Loyo, que depois foi para o FMI, sendo substituído por Mesquita).