Título: Ministros técnicos tentam manter cargos
Autor: Weber, Demétrio e Braga, Isabel
Fonte: O Globo, 04/03/2007, O País, p. 4

Haddad aposta em pacote para ficar no MEC; Orlando Silva investe no Pan

Demétrio Weber, Isabel Braga, Geralda Doca e Gerson Camarotti

BRASÍLIA. Exemplo de que a persistência pode render frutos, mesmo em disputa é acirrada, o ministro da Educação, Fernando Haddad, já foi dado como carta fora do baralho e está, agora, praticamente confirmado no posto. Técnico petista que não freqüenta as rodas políticas do PT, o ministro, de 44 anos, teve o cargo cobiçado por muitos companheiros do partido, mas dedicou-se à montagem do pacote educacional que apresentará amanhã ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. É seu passaporte para o segundo mandato.

Haddad não descansou nem no carnaval. Enquanto o PT pressionava para Marta Suplicy ir para seu lugar, ele falava com reitores, secretários de Educação e acadêmicos, buscando subsídios para o pacote e, claro, apoio para ficar no cargo.

A demora de Lula em nomear o novo Ministério gerou mudanças de comportamento. Ministros prostrados num primeiro momento, certos de que não teriam chances de permanecer, reagiram para garantir o cargo.

O dos Esportes, Orlando Silva (PCdoB) melhorou a posição na bolsa de apostas do Ministério nos últimos dois meses. Tendo como aliado o Pan-Americano, mantém agenda de ministro novíssimo. Em janeiro, foi à posse de vários secretários estaduais de Esporte. Participa de programas esportivos no rádio e na TV, não perde entrega de medalha e foi à Alemanha divulgar o Pan. Tudo para barrar a volta do antecessor, Agnelo Queiroz, que age nos bastidores.

Outro ministro técnico que luta para ficar é o da Previdência, Nelson Machado, que cresceu no conceito do presidente Lula ao anunciar, no início do ano, medidas para tentar dar transparência às contas da Previdência Social. Técnico respeitado no PT e no governo, suas chances de ficar aumentam também por causa da pouca disposição dos aliados de Lula de assumir a provável missão de coordenar a polêmica e rejeitada nova reforma da Previdência.

Até quem tem poucas chances de ficar, como o ministro da Integração Nacional, Pedro Brito, resolveu mostrar serviço: se não der para ficar como titular, estará habilitado para outros cargos no governo. Brito viaja pelo país e faz reuniões com outros ministros e governadores.

O titular dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, trabalha para a volta do antecessor, senador Alfredo Nascimento (PR-AM), de quem era secretário-executivo e herdou o cargo.