Título: A lua-de-mel
Autor: Franco, Ilimar
Fonte: O Globo, 05/03/2007, O Globo, p. 2

As relações entre o presidente Lula e os governadores, sobretudo os da oposição, começam a ser definidas amanhã. Os governadores não acreditam que sua pauta de 14 pontos será atendida pelo governo federal. Mas avaliam que é preciso que o presidente faça algum tipo de concessão para que o diálogo tenha continuidade. Apenas a inclusão de novas obras no PAC não é suficiente.

Os governadores de Minas Gerais, Aécio Neves, e de São Paulo, José Serra, de vez em quando fazem críticas duras ao governo para lembrar ao público que são de oposição. Mas, neste início de segundo mandato, apostam, como os aliados, na busca de um entendimento que viabilize suas gestões. Várias sondagens e reuniões técnicas foram feitas entre governadores e integrantes da equipe econômica. Desses contatos, os governadores já sabem o que podem esperar do encontro de amanhã. Estão convencidos, por exemplo, que dificilmente será aceita qualquer negociação que envolva o pagamento da dívida dos estados com a União. O governo Lula não quer fazer concessões para não passar ao mercado financeiro a imagem de falta de rigor fiscal. Estão cientes também de que não há, por ora, qualquer perspectiva de que o governo aceite compartilhar com os estados a receita da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF). Nem mesmo esperam que seja aceita qualquer proposta que reduza o rigor da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).

- O pedido dos governadores foi alto, muito além do que o governo pode atender. Qualquer governo só as aceitaria se o nosso crescimento fosse igual ao da China. O financiamento do PAC será feito com parte do dinheiro que os governadores reivindicam - resume Marcelo Déda (SE).

As negociações apontam para a adoção de medidas destinadas a melhorar as finanças dos estados. Os governadores esperam que o governo federal devolva aos estados a caução feita em 1996, quando foi aprovada a rolagem da dívida com a União. Têm a expectativa de que sejam tomadas providências para flexibilizar o acesso ao crédito. Eles acreditam também que o governo Lula poderia anunciar que não haverá mais contingenciamento dos recursos para a segurança pública. O futuro das relações com os governadores vai depender do tipo de entendimento que for produzido nesse encontro.

Frase do senador Garibaldi Alves (PMDB-RN) sobre os candidatos à presidência do partido: "O Nelson Jobim vai dar uma sacudida no partido. Pelo menos, é o que eu espero".