Título: Tríplice fronteira: celeiro de máfias
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Fonte: O Globo, 05/03/2007, O Mundo, p. 18

SÃO PAULO. Desde que se estabeleceram na tríplice fronteira, grupos radicais islâmicos convivem com narcotraficantes, contrabandistas, receptadores e traficantes de armas e pedras preciosas, além das máfias russa, chinesa, coreana e a Camorra italiana. O resultado é um mercado onde armas são trocadas por drogas, drogas por pedras preciosas, pedras por obras de arte roubadas e assim por diante. E todo o dinheiro é lavado pelos mesmos dutos.

- Não existe mais uma moeda única- disse Ricardo Chilelli, diretor da RCI First Security and Intelligence Advising, um dos maiores especialistas brasileiros.

Relatório da Security and Intelligence Advising, autorizada por Israel a aplicar em mais de 15 países da América Latina a tecnologia de informação israelense, lista grupos terroristas na região: o palestino Jihad Islâmica, o egípcio al-Gamaya al-Islamiya, as FARC da Colômbia e o basco ETA que, por sua vez, mantém relações com grupos como o IRA e a al-Qaeda.

O ex-chefe da Secretaria Nacional Antidrogas, Walter Maierovicth, destaca a presença da máfia russa na região. Segundo ele, toda atividade criminosa na tríplice fronteira é comandada também pela Camorra. Ano passado, uma empresa de segurança com sede no Brasil, que costuma prestar serviços à comunidade judaica, detectou casos de tráfico de armas que seriam usadas em atentados.

A primeira é um rifle Remington 308 sniper, comprado em Assunção, que entrou no Brasil via Foz do Iguaçu. De lá, seguiu até Cáceres (MT) rumo ao Suriname. A negociação foi comandada a partir da tríplice fronteira. O segundo caso foi uma carga de explosivo plástico C4. O negócio não foi concretizado, mas a empresa detectou uma oferta de C7 (explosivo ainda mais potente) que poderia ser entregue nos EUA ou na Espanha. (R.G.)