Título: Estamos unidos
Autor: Franco, Ilimar e Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 06/03/2007, O País, p. 10

BRASÍLIA. Candidato à reeleição, o presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP), afirma que o partido está unido pela primeira vez e que se considera um dos responsáveis por essa unidade. Aberto para um entendimento, Temer defende uma fase de transição para depois passar o comando do partido para o ex-presidente do STF Nelson Jobim.

Qual o fundamento político da disputa no PMDB?

MICHEL TEMER: Não consigo explicar. Se fosse há um ano eu entenderia. Mas agora? Estamos unidos pela primeira vez em muitos anos. Fizemos uma aliança programática para integrar a coalizão de governo e depois fizemos uma coalizão política com o PT nas eleições para a presidência da Câmara. Essa unidade mantida faz o PMDB muito forte. Tenho feito o possível para incluir todas as partes. Quando se fala em me tirar da disputa, não se busca o entendimento.

Por que o senhor é candidato à reeleição?

TEMER: As bases pedem. Fui um dos autores dessa unificação. Quando imaginava que minha missão havia acabado, os companheiros passaram a dizer que eu era o fiador da unidade.

O fato de o senhor não ter uma relação pessoal e de confiança com o presidente Lula pode prejudicar a interlocução?

TEMER: A relação com o governo Lula não é pessoal. Ela é institucional e respeitosa.

O PMDB vai se dividir?

TEMER: Se depender de mim, sairá mais unido.

Qual sua proposta?

TEMER: O mais apropriado seria fazer uma transição. Faríamos uma chapa única na qual Nelson Jobim seria o vice-presidente. Ficaria acertado que depois de um ano e seis meses no cargo eu renunciaria para ele assumir por seis meses. Depois haveria nosso compromisso de prorrogar por um ano o mandato do Jobim e viabilizar sua reeleição para um mandato de dois anos.

Seus adversários dizem que é preciso oxigenar o partido...

TEMER: O PMDB atravessou um processo de mobilização nacional com a realização de prévias para a escolha do candidato que disputaria as eleições presidenciais. Graças a esta mobilização elegemos o maior número de governadores e voltamos a ser a maior bancada na Câmara. O PMDB saiu vitorioso. (I.F.)