Título: Preço do petróleo cai 2,5% com receio de freio global
Autor: Santos, Ana Cecília e Scofield Jr., Gilberto
Fonte: O Globo, 06/03/2007, Economia, p. 20

Já cotações de níquel, zinco e açúcar recuam até 5,1%, arrastadas pela queda nas bolsas

NOVA YORK e LONDRES. O petróleo, o níquel, o zinco e o açúcar puxaram ontem a queda mundial das commodities, num momento em que a retração significativa dos preços das ações intensificou o receio de que a desaceleração da expansão das economias americana e chinesa vai reduzir a demanda por matérias-primas. Durante o dia, o petróleo chegou a cair mais de 3% em Nova York, e fechou a US$60,07, em queda de 2,55%. Em Londres, o barril do Brent para entrega em abril caiu 2,5%, com perdas de US$1,54, fechando a US$60,54.

Durante sete pregões consecutivos, impulsionado pela redução dos estoques de gasolina nos Estados Unidos, o petróleo fechou em alta até a quinta-feira passada, a maior série de ganhos desde junho do ano passado.

Ontem, o níquel perdeu 5,1% de seu valor, na maior retração em quase dois meses. O zinco recuou 2,7% e o açúcar declinou 1,9%, à medida que os preços das commodities caíram pelo quinto dia consecutivo.

A depreciação dos preços das ações mundiais estimulou os investidores a reduzir suas apostas nas matérias-primas, que subiram para patamares recorde em maio de 2006, antes de encerrar com queda o ano passado. As ações perderam US$1,5 trilhão em valor, mundialmente, na semana passada.

O primeiro-ministro da China, Wen Jiabao, afirmou ontem que o país vai tomar medidas para coibir os investimentos e os empréstimos a fim de impedir que a economia da China, a quarta maior e a que mais cresce no mundo, entre em superaquecimento.

- Esse choque que experimentamos uma semana atrás na China abriu o vespeiro - disse Sean Corrigan, estrategista-chefe de investimentos da Diapason Commodities Management de Lausanne, na Suíça. - O risco, naturalmente, é que a situação do próprio mercado financeiro se reflita sobre a economia real e, sem dúvida, as commodities estão vulneráveis a uma desaceleração.

O índice UBS Blommberg CMCI das commodities para entrega dentro de três meses caía 1,7% até a tarde de ontem, em sua quinta retração consecutiva. O Índice Reuters/Jefferies CRB Index, que reúne 19 commodities, caiu 1,8%. O Índice Goldman Sachs de Commodities, que monitora 24 produtos primários, recuou 2,2%.

- Dizer que (a turbulência) foi causada apenas pela China é simplificar demais - afirmou Gerry Schubert, diretor de Metais em Londres do Fortis Bank, um dos membros da Bolsa de Metais de Londres (LME, pela sigla em inglês).

Os contratos futuros de ouro e platina caíram hoje o máximo permitido pela Bolsa de Commodities de Tóquio, no Japão, quando o Índice Nikkei 225 registrou sua retração máxima desde junho do ano passado. Os investidores que detêm ouro em fundos negociados em bolsa monitorados pelo Conselho Mundial do Ouro venderam cerca de 0,6% de sua carteira na semana passada.

- Nesse tipo de mercado, as pessoas ficam nervosas - disse Graham Birch, co-gestor de aproximadamente US$8 bilhões em ações de empresas que exploram metais preciosos na BlackRock Investment Management de Londres. - Elas estão pensando em pôr certas somas de dinheiro de volta no banco. (Da Bloomberg News, com agências internacionais)