Título: Sérgio Cabral, um governador que não teme assumir posições polêmicas
Autor: Amora, Dimmi
Fonte: O Globo, 07/03/2007, Rio, p. 19

Ele já defendeu a legalização de drogas leves, do aborto e do jogo de bicho

Dimmi Amora

Ele é governador do Estado do Rio, mas não teve medo de se envolver em polêmicas que ainda não sabe se vão lhe render ou tirar votos. Contrariando todos os manuais de comportamento político, Sérgio Cabral já defendeu, desde que assumiu o governo, posições pela legalização das drogas leves, do aborto e, mais recentemente, numa entrevista anteontem, do jogo do bicho, metendo-se em assuntos que são da competência do Congresso e do governo federal.

Governador já pediu estudos sobre o tema

O secretário estadual do Ambiente, Carlos Minc, amigo de Cabral desde que foram deputados na Alerj, lembra que ele como presidente da Casa apoiou várias leis neste sentido, inclusive uma que descriminava o usuário de drogas leves, mesmo com ferrenha oposição de setores mais conservadores, como a bancada evangélica. Segundo Minc, Cabral também foi o relator no Senado de um projeto no mesmo sentido. O projeto contou com um grupo de estudos que envolveu Minc, o deputado Fernando Gabeira e o ex-secretário Nacional Antidrogas Walter Maierovitch, entre outros.

- Ele tem a convicção de que o custo do combate às drogas leves é muito maior do que o custo que o estado teria para evitar a dependência dos usuários. As outras posições vão neste mesmo sentido - disse o secretário de Ambiente.

Cabral já teria pedido estudos à Secretaria de Segurança Pública, alguns deles já prontos, mostrando quanto custa o combate a este tipo de ilegalidade, seja em recursos financeiros, tempo de trabalho de policiais etc. Mas não são apenas os estudos técnicos que despertam sua atenção. Ele também tem feito freqüentes pesquisas, utilizando três diferentes institutos, para saber como está a avaliação de sua imagem e a do governo.

- Ele realmente pensa desta forma e acha o debate importante. Mas também quer se aproximar de uma classe que não estava com ele na eleição, que votou na Denise, que ele acredita defender posições semelhantes - disse uma pessoa próxima ao governo.