Título: Assessores tentam justificar escassez de verba
Autor:
Fonte: O Globo, 09/03/2007, O País, p. 5

Remessas feitas dos EUA por emigrantes são contabilizadas

SÃO PAULO. Ao ser perguntado ontem, a bordo do jato presidencial Air Force One, a caminho do Brasil, como o presidente George W. Bush justificaria o fato de estar prometendo ajudar mais a América Latina quando o orçamento de 2008 prevê um corte na atual verba de apenas US$1,6 bilhão anuais para a região, o chefe do Conselho de Segurança Nacional, Steve Hadley, alegou que "as pessoas têm de lembrar que o engajamento do governo americano na área é maior do que o próprio governo diz".

E, em seguida, deu como exemplo disso as remessas anuais de US$45 bilhões "feitas por homens e mulheres que trabalham nos EUA" - sem deixar claro que, na verdade, esse dinheiro é enviado pelos próprios latino-americanos que trabalham (alguns ilegalmente) no país, e não pelo governo dos Estados Unidos.

- Há muitos programas diferentes. O que vocês têm de fazer é somá-los - sugeriu Hadley aos repórteres que viajavam com Bush.

Cifra citada corresponde a valores acumulados

O chefe do Conselho de Segurança Nacional acrescentou que, além daquelas remessas, há a entrada do equivalente a US$180 bilhões de exportações latino-americanas nos EUA isentas de tarifas, e US$350 bilhões de investimentos de empresas americanas na região, sem esclarecer porém que essa última cifra era o volume acumulado de pelo menos uma década.

Hadley contou que Bush deverá enfatizar que "a democracia e o livre comércio são os focos de nossos esforços". E que ele também dirá que vai apoiar "os governos que estão tomando as decisões certas na luta contra a corrupção, que estão investindo em seu povo através da educação e saúde".

Quase toda a entrevista foi dedicada ao Iraque

Tony Snow, porta-voz de Bush, também participou da entrevista a bordo do avião que transportava a comitiva do presidente Bush. De acordo com a transcrição de seu conteúdo, fornecida pela Casa Branca quando o jato ainda estava no ar, a própria viagem mereceu pouca atenção. Ela foi mencionada apenas nos últimos cinco minutos da entrevista: os demais 25 minutos foram dedicados ao Iraque.