Título: Morales não vai a ato em repúdio a Bush organizado por Chávez
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Fonte: O Globo, 09/03/2007, O País, p. 12

BUENOS AIRES. O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, será a única estrela internacional do ato em repúdio à viagem do presidente americano, George W. Bush, à região, previsto para hoje à noite no estádio do clube Ferrocarril Oeste, em Buenos Aires. Organizadores do evento esperavam contar com a participação do presidente da Bolívia, Evo Morales, mas o aliado do líder bolivariano não conseguirá chegar a tempo. Segundo confirmaram fontes do governo boliviano ao GLOBO, Morales, que hoje finaliza uma visita ao Japão, tinha toda a intenção de prestigiar o ato, mas problemas climáticos o impediram de aceitar o convite de seu colega venezuelano.

Oficialmente, o porta-voz do governo Morales, Alex Contreras, disse que o presidente boliviano não participará do evento por problemas de agenda .

- O avião do presidente Morales saiu de Tóquio com destino a Buenos Aires, mas não pôde aterrissar na Rússia, onde deveria fazer uma escala, e teve de retomar ao Japão - disse a fonte boliviana.

Anúncio de protesto irritou a Casa Branca e Montevidéu

Sem Morales e sem Kirchner - fontes do governo argentino confirmaram ontem que o presidente e seus ministros não participarão do evento -, Chávez será a grande figura de um protesto que provocou profunda irritação não somente entre autoridades da Casa Branca, mas também no governo do presidente do Uruguai, Tabaré Vázquez, que hoje receberá a visita de Bush.

A chegada de Chávez à capital argentina estava prevista para as 22h de ontem. Durante a recente visita de Kirchner à Faixa do Orinoco, na Venezuela, seu colega venezuelano lembrou uma frase do general Juan Domingo Perón que é fonte de inspiração para o líder bolivariano: o século XXI nos encontrará unidos ou dominados. Na esteira da viagem do presidente argentino à Venezuela, Chávez buscará reforçar ainda mais a união entre os dois países e tão importante quanto. ofuscar a viagem de Bush. Hoje o presidente venezuelano será recebido por Kirchner na residência oficial, em Olivos, onde ambos participarão de uma reunião de trabalho e assinarão uma série de acordos bilaterais. À tarde, Chávez visitará uma fábrica de laticínios da empresa Sancor, que acaba de receber um empréstimo de US$ 135 milhões do governo venezuelano.