Título: UE quer dianteira em energia renovável
Autor: Novo, Aguinaldo
Fonte: O Globo, 10/03/2007, O País, p. 4

Países aprovam plano para cortes de emissões e uso de biocombustíveis.

BRUXELAS. A União Européia reafirmou ontem sua decisão de conquistar a dianteira na luta contra o aquecimento global ao apresentar um plano unilateral ousado de redução de emissões de gases do efeito estufa, com cortes de emissões, uso de biocombustíveis, incentivo à eficiência energética e geração de energia nuclear. O plano confirma o projeto de cortar em 20% as emissões de dióxido de carbono até 2020 em relação aos níveis de 1990. E inclui substituições de combustíveis fósseis por biocombustíveis e desenvolvimento de energias limpas.

O acordo foi anunciado pela chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, após dois dias de negociações difíceis. Participaram da cúpula em Bruxelas os líderes dos 27 países da UE. O documento será usado como modelo para elaboração de projetos de combate de mudanças climáticas em cada um dos países da UE.

Um dos pontos mais polêmicos foi o reconhecimento de que a energia nuclear é importante para reduzir o aquecimento global porque não emite CO2. França e Finlândia foram as maiores defensoras da opção nuclear e enfrentaram a oposição de Áustria, Itália e Irlanda.

- Estou muito satisfeita por termos alcançado objetivos tão ambiciosos e concretos. Vamos evitar uma tragédia para a Humanidade - disse Merkel. A Alemanha está na presidência rotativa da UE.

O presidente da Comissão Européia, José Manuel Durão Barroso, classificou o acordo de histórico.

O plano prevê que as chamadas energias limpas deverão representar 20% do consumo da UE. Hoje, esse percentual é de 7%. Outro ponto de destaque é o incentivo à utilização de biocombustíveis.

Merkel disse que a UE poderia fazer diminuições ainda maiores das emissões de CO2, chegando a 30%. Para isso, porém, quer uma contrapartida: um compromisso de corte de emissões por parte de Estados Unidos e países emergentes, em especial, Brasil, Índia e China. O acordo assinado ontem diz que a redução total da UE deve ser de 20% até 2020. Porém, os países terão metas diferenciadas, estabelecidas a partir de seu uso atual de energias renováveis, nuclear (que não emite CO2) e o tipo de matriz energética.

COLABOROU Graça Magalhães-Ruether, de Berlim

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ENERGIA RENOVÁVEL: Pelo menos 20% da energia usada pelos países integrantes da União Européia deverão vir de fontes renováveis. Isso inclui os biocombustíveis e as energias solar e eólica.

COMBUSTÍVEIS: No mínimo 10% dos combustíveis usados em transporte deverão ser biocombustíveis.

CORTES DE EMISSÕES: As metas estabelecidas ontem pela União Européia prevêem uma diminuição total de 20% em relação aos níveis de 1990.