Título: BUSH: 'Nós queremos sair do petróleo'
Autor: Galhardo, Ricardo e Novo, Aguinaldo
Fonte: O Globo, 10/03/2007, O País, p. 12

Acho muito interessante o fato de muitas das nossas conversas serem focadas em energia. É um novo tipo de energia. Vinte anos atrás não imaginaria que um presidente americano e um brasileiro poderiam pensar em discutir um caminho comum para energia. E, apesar disso, como o presidente Lula mencionou, nós tivemos uma longa discussão sobre os combustíveis alternativos e, agora, estamos discutindo em termos econômicos essa parceria. Queremos mudar os nossos países e estou muito animado com a possibilidades do etanol e do biodiesel. E é por isso que estamos aqui. (...) As pessoas se perguntam por que o presidente dos Estados Unidos estaria tão interessado em diversificar as fontes de energia. Bom, uma das razões é que, se dependemos de petróleo que vem de fora, temos uma questão de segurança nacional. Nossa dependência do combustível de outra pessoa significa que estamos dependentes de suas decisões. Nós queremos diversificar, sair do petróleo. Essa dependência do petróleo também cria problema econômico não apenas para os Estados Unidos, mas para todos que o importam. No mundo globalizado, se a demanda por petróleo na Índia e na China aumentar, aumenta o preço da gasolina nos nossos países. Então, a diversificação é uma coisa de interesse econômico para nossos países e, como o presidente Lula observou, temos também que pensar no meio ambiente. O etanol o biodiesel ajudarão a melhorar a qualidade do meio ambiente de nossos países. Então, sou muito favorável a promover as tecnologias que vão permitir que o etanol e o biodiesel se tornem competitivos, baratos para as pessoas nos nossos países e também nos países vizinhos. Uma das coisas que gosto muito, que o presidente Lula observou, é que uma política de etanol e de combustíveis alternativos gera mais empregos, e não menos. Aqui nessa planta temos muitos empregos. Você também precisa depender das pessoas que trabalham na terra. Existe então uma distribuição de riqueza e de oportunidades para fazendeiros, especialmente para os pequenos de nossos países. E isso vai fazer com que as economias tenham uma fundação mais sólida. Então, essa sua visão presidente Lula é muito pertinente. Eu aprecio também o fato de que as energias vêm da cana-de-açúcar. Isso dá ao Brasil uma grande vantagem nos mercados mundiais. A cana-de-açúcar é de longe a matéria-prima mais eficiente para produção do etanol. Nos Estados Unidos, não temos muita cana-de-açúcar. Temos trabalhado com milho para o etanol. Então, aprecio muito a inovação que está acontecendo aqui no Brasil. Vocês são os líderes no etanol e acredito que continuarão a descobrir novas tecnologias que serão úteis para outras pessoas. O biodiesel da soja é um exemplo, onde vocês vão conseguir usar . Isso faz muito sentido e parabenizo vocês e o presidente da Petrobras, por estarem na ponta dessas mudanças. Faz todo o sentido desenvolver um combustível alternativo, e os automóveis têm que acompanhar isso. Muitas pessoas nos Estados Unidos não sabem que existem veículos com combustível alternativo nas ruas hoje. (...) Você pode escolher o seu combustível e, nos Estados Unidos, essa tecnologia está disponível. Então, nossos cidadãos não precisam ter medo. O consumidor tem a capacidade para comprar um automóvel que faça frente a essas novas produções. Estou muito otimista. Acho que a América pode se beneficiar dessas fontes de energia alternativas. Estou tão otimista que pretendo reduzir o consumo de gasolina em 20%, nos próximos dez anos, ou 35 bilhões de galões de energia alternativa até 2017. É sete vezes mais do que estamos usando agora. Os americanos estarão consumindo 35 bilhões de galões. Isso é muito importante para o nosso país e para o compromisso de nos tornarmos menos dependente do petróleo e trabalharmos pelo bem do meio ambiente. (...) Eu aprecio a idéia de Brasil e Estados Unidos desenvolvendo juntos essas pesquisas. Vocês têm grandes cientistas e nós também temos. Faz todo o sentido que colaboremos para o bem da humanidade. Vamos trabalhar com esse feito juntos, cooperando na pesquisa e no desenvolvimento."